terça-feira, 28 de abril de 2015

50



MIRREN TEM FICADO DOENTE com muita frequência. Ela acorda tarde, pinta as unhas, deita no
sol e fica vendo paisagens africanas em um livro grande de fotografias. Mas não quer
mergulhar. Não quer velejar. Não quer jogar tênis nem ir para Edgartown.
Levo para ela jujubas da nova Clairmont. Mirren adora jujubas.
Hoje, estamos as duas deitadas na praia pequena. Lemos revistas que roubei das gêmeas e
comemos cenourinhas. Mirren está com os fones de ouvido. Ela fica ouvindo a mesma música
várias vezes no meu iPhone.
Nossa juventude está enfraquecida
Não vamos desperdiçá-la
Lembre-se do meu nome
Porque fizemos história
Na na na na na na na
CUTUCO MIRREN com uma cenoura.
— O que foi?
— Você precisa parar de cantar ou não me responsabilizo pelas minhas ações.
Ela se vira pra mim, séria. Tira os fones de ouvido.
— Posso te dizer uma coisa, Cady?
— Claro.
— Sobre você e Gat. Eu ouvi vocês dois descendo ontem à noite.
— E?
— Acho que você devia deixar Gat em paz.
— O quê?
— Isso vai acabar mal e estragar tudo.
— Eu o amo — digo. — Você sabe que sempre amei.
— Você está dificultando as coisas para ele. Tornando tudo mais difícil do que já é. Você
vai magoar Gat.
— Não é verdade. É mais provável que ele me magoe.
— Bem, pode acontecer também. Não é uma boa ideia vocês ficarem juntos.
— Você não entende que prefiro ser magoada do que ignorada por ele? — digo, sentando.
— Prefiro mil vezes viver, arriscar e ver tudo acabar mal a permanecer na bolha em que
estive nos últimos dois anos. É um lugar pequeno, Mirren. Eu e minha mãe. Eu e meus
remédios. Eu e minha dor. Não quero mais viver lá.
Um silêncio paira no ar.
— Nunca tive um namorado — Mirren revela.
Olho nos olhos dela. Vejo lágrimas.
— E Drake Loggerhead? E as rosas amarelas e as relações sexuais? — pergunto.
Ela baixa os olhos.
— Eu menti.
— Por quê?
— Sabe quando você vem para Beechwood e é como se estivesse em outro mundo? Você
não precisa ser quem é em casa. Pode ser alguém melhor até.
Confirmo com a cabeça.
— No primeiro dia depois que você voltou, observei Gat. Ele olhava para você como se
fosse o planeta mais brilhante da galáxia.
— É mesmo?
— Quero tanto alguém que olhe para mim desse jeito, Cady. Tanto. E não tive a intenção,
mas acabei mentindo. Sinto muito.
Não sei o que dizer. Respiro fundo.
— Não suspire, tá bom? — Mirren censura. — Não faz mal. Não faz mal se eu nunca tiver
um namorado. Não faz mal se ninguém nunca me amar, certo? É perfeitamente tolerável.
A voz da minha mãe me chama de algum lugar perto da nova Clairmont.
— Cadence! Está me ouvindo?
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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