HOSPITAL EM MARTHA’S VINEYARD. Verão dos quinze, depois do acidente.
Eu estava deitada em uma cama, coberta por um lençol azul. Todo mundo sempre imagina
lençóis de hospital brancos, mas esses eram azuis. O quarto estava quente. Eu tinha um acesso
intravenoso no braço.
Minha mãe e meu avô olhavam fixamente para mim. Meu avô segurava uma caixa de doces
de Edgartown que havia trazido de presente.
Fiquei tocada por ele lembrar que eu gostava dos doces de Edgartown.
Eu estava escutando música com fones de ouvido, então não dava para ouvir o que os
adultos diziam. Minha mãe chorava.
Meu avô abriu a caixa de doces, tirou um e ofereceu para mim.
A música:
Nossa juventude está enfraquecida
Não vamos desperdiçá-la
Lembre-se do meu nome
Porque fizemos história
Na na na na na na na
LEVANTEI A MÃO PARA tirar os fones. Estava enfaixada.
Minhas duas mãos estavam enfaixadas.
E meus pés. Dava para sentir o esparadrapo neles, debaixo do lençol azul.
Minhas mãos e meus pés estavam enfaixados porque estavam queimados.
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