terça-feira, 28 de abril de 2015

77



ELE DÁ UM PULO quando me vê e me envolve com o braço. Soluço em seu ombro e enfio os
braços em sua jaqueta, em volta de sua cintura.
Ele não pergunta o que há de errado até eu dizer.
— Os cães — digo, finalmente. — Nós matamos os cães.
Ele fica em silêncio por um instante. Depois:
— É.
Não digo mais nada até meu corpo parar de tremer.
— Vamos sentar — Gat diz.
Nos acomodamos nos degraus da varanda. Gat apoia a cabeça na minha.
— Eu amava aqueles cães — digo.
— Todos nós amávamos.
— Eu… — Engasgo com as palavras. — Acho melhor não falar mais sobre isso, ou vou
começar a chorar de novo.
— Tudo bem.
Ficamos sentados mais um tempo.
— É só isso? — Gat pergunta.
— O quê?
— Você está chorando só por isso?
— Não me diga que tem mais alguma coisa?
Ele fica em silêncio.
E continua em silêncio.
— Ah, droga, tem mais — digo, e meu peito parece oco e gelado.
— Sim — diz Gat. — Tem mais.
— Mais alguma coisa que as pessoas não estão me dizendo. Mais alguma coisa que minha
mãe preferiria que eu não lembrasse.
Ele para um instante para pensar.
— Acho que estamos dizendo, mas você não quer ouvir. Você está doente, Cadence.
— Vocês não estão me dizendo diretamente — digo.
— Não.
— E por que não?
— Penny disse que seria melhor assim. E, bem, com todos nós aqui, eu tinha esperança de
que você lembraria. — Ele tira o braço do meu ombro e abraça os joelhos.
Gat, meu Gat.
Ele é contemplação e entusiasmo. Ambição e café forte. Amo as pálpebras de seus olhos
castanhos, sua pele morena e macia, o lábio inferior protuberante. Sua mente. Sua mente.
Beijo seu rosto
— Lembro mais sobre nós do que antes — digo a ele. — Lembro que nos beijamos na porta
do quartinho dos fundos antes de tudo dar errado. Nós dois na quadra de tênis, conversando
sobre Ed ter pedido Carrie em casamento. Na costa, na pedra lisa, onde ninguém podia nos
ver. E na praia pequena, conversando sobre o incêndio.
Ele confirma.
— Mas ainda não me lembro do que deu errado — digo. — Por que não estávamos juntos
quando eu me machuquei? Nós brigamos? Eu fiz alguma coisa? Você voltou para Raquel? —
Não consigo olhar nos olhos dele. — Acho que mereço uma resposta sincera, mesmo se isso
que existe entre nós agora não for durar.
Gat franze o rosto e o cobre com as mãos.
— Não sei o que fazer — ele diz. — Não sei o que devo fazer.
— Apenas me conte.
— Não posso ficar aqui com você — ele diz. — Preciso voltar para Cuddledown.
— Por quê?
— Eu preciso — ele diz, levantando-se e andando. Então ele para e se vira. — Eu estraguei
tudo. Sinto muito, Cady. Sinto tanto, tanto. — Ele está chorando novamente. — Eu não devia
ter te beijado, nem feito um balanço de pneu para você nem te dado rosas. Não devia ter dito o
quanto te acho linda.
— Eu quis tudo isso.
— Eu sei, mas eu devia ter me afastado. Foi muito errado ter feito essas coisas, sinto muito.
— Volte aqui — digo, mas, quando ele não se mexe, vou até ele. Coloco as mãos em seu
pescoço e o rosto junto ao dele. Beijo-o com intensidade, para que saiba que é de verdade.
Sua boca é tão macia e ele é simplesmente a melhor pessoa que conheço, a melhor pessoa que
conheci, independentemente das coisas ruins que possam ter acontecido entre nós e do que
venha a acontecer depois.
— Eu te amo — sussurro.
Ele se afasta.
— É disso que estou falando. Sinto muito. Só queria te ver.
Ele se vira e desaparece no escuro.
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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