SAIO CORRENDO de Windemere. Está escuro lá fora, é quase hora do jantar. Meus sentimentos
escorrem pelos olhos, enrugando meu rosto, fazem meu corpo todo tremer enquanto imagino os
cães ansiando pelo resgate, olhando fixamente para a porta conforme a fumaça invade.
Para onde ir? Não posso encarar os Mentirosos em Cuddledown. Will ou tia Carrie podem
estar em Red Gate. A porra da ilha é tão pequena que não tenho para onde ir. Estou presa ali,
onde matei aqueles pobres, pobres cães.
Toda a ousadia de hoje pela manhã,
o poder,
o crime perfeito,
a derrubada do patriarcado,
o modo como nós, os Mentirosos, salvamos o idílio de verão e o transformamos em um
lugar melhor,
o modo como mantivemos nossa família unida ao destruir uma parte dela…
tudo isso é ilusão.
Os cães estão mortos,
os cães idiotas e fofos,
os cães que eu podia ter salvado,
cães inocentes que ficavam radiantes quando alguém lhes dava um pedaço de hambúrguer,
ou dizia seus nomes;
cães que adoravam andar de barco,
que corriam livres o dia todo com as patas sujas de lama.
Que tipo de gente age sem pensar em quem poderia estar preso em um quarto no andar de
cima, confiando nas pessoas que sempre os mantiveram em segurança e os amaram?
Estou chorando um choro estranho, silencioso, parada na passagem entre Windemere e Red
Gate. Meu rosto está molhado, meu peito está apertado. Volto cambaleando para casa.
Gat está na porta.
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