sábado, 13 de junho de 2015

Capítulo 20


Os ferrões do Verdugo dilaceravam a pedra, atirando pedaços de hera e lascas de rocha
em todas as direções. Os seus braços sacudiam-se como as pernas do besouro mecânico, com
pontas aguçadas que penetravam na pedra do muro para se apoiar. Uma luz brilhante na
extremidade de um braço apontou na direção de Thomas, só que desta vez o feixe de luz não
se desviou.
Thomas sentiu que a última gota de esperança se esvaía do seu corpo.
Sabia que a única opção possível era correr. "Sinto muito, Alby", pensou enquanto se
livrava dos ramos grossos do peito. Usando a mão esquerda para se segurar com força na
folhagem acima, ele terminou se desvencilhando e preparando-se para fugir. Sabia que não
poderia subir - isso levaria o Verdugo a passar por Alby. Descer, é claro, era a única opção
se quisesse morrer o mais rápido possível.
Precisava se afastar para o lado.
Thomas estendeu o braço e agarrou um ramo de hera que estava a sessenta centímetros à
esquerda de onde estava pendurado. Enrolando o ramo na mão, puxou-o com um safanão
rápido. A planta resistiu, exatamente como as outras. De relance, viu que o Verdugo abaixo já
chegara à metade da distância que os separava, e se movia mais rápido, sem pausas.
Thomas terminou de se livrar do ramo que usara ao redor do peito e balançou o corpo
para a esquerda, roçando-se à parede. Antes que a sua oscilação como um pêndulo o levasse
de volta a Alby, ele estendeu o braço para outra trepadeira, alcançando uma mais grossa.
Dessa vez, agarrou-a com as duas mãos e virou-se para pousar a base dos pés contra o muro.
Mudou a posição do corpo para a direita, prosseguindo até onde a planta permitiu, então
largou-a e agarrou uma outra. Depois outra. Como se fosse um macaco escalando uma árvore,
Thomas descobriu que era capaz de avançar mais depressa do que imaginava.
Os sons do seu perseguidor continuavam sem descanso, só que agora com o acréscimo
horripilante do ruído de rocha estilhaçada. Thomas oscilou para a direita várias outras vezes
antes de criar coragem para olhar para trás.
O Verdugo afastara-se de Alby ao mudar o percurso para ir diretamente até Thomas.
"Enfim", pensou Thomas, "alguma coisa deu certo." Dando um impulso no próprio corpo com
os pés, com o máximo de força que podia, balanço após balanço, ele fugia daquela coisa
horrenda.
Thomas não precisou olhar para trás para saber que o Verdugo estava ganhando terreno a
cada segundo. Os sons eram a prova disso. De alguma forma, precisava voltar ao chão, ou
tudo acabaria rapidamente.
No balanço seguinte, deixou sua mão deslizar um pouco antes de se agarrar com firmeza.
A haste da trepadeira queimou-lhe a palma da mão, mas ele havia encurtado a distância até o
chão. Repetiu a operação com a próxima trepadeira. E com a seguinte. Três oscilações depois
estava a meio cantinho do chão do Labirinto. Uma dor pungente queimava os seus braços; ele
sentia a ardência da pele que era arrancada das mãos. A adrenalina correndo pelo corpo o
ajudou a ignorar o medo; simplesmente seguiu em frente.
No balanço seguinte, a escuridão impediu Thomas de avistar uma nova parede assomando
à sua frente; o corredor terminava e virava à direita.
Ele se chocou com toda a força contra a pedra à frente, perdendo o contato com a hera.
Jogando os braços para a frente, Thomas debateu-se sem controle, tentando alcançar alguma
coisa em que se agarrar para impedir o mergulho em direção à rocha dura abaixo. No mesmo
instante, com o canto do olho esquerdo, viu o Verdugo. Ele alterara o percurso e o estava
quase alcançando, com uma garra esticada na sua direção.
Thomas encontrou uma trepadeira a meio caminho do chão e a agarrou, quase arrancando
os braços das articulações com a parada repentina. Empurrou a parede com os dois pés com a
maior força possível, projetando o corpo para longe dela no exato momento em que o Verdugo
atacava com a garra e as agulhas. Thomas chutou com a perna direita, atingindo o braço ligado
à garra. Um estalido agudo denunciou uma pequena vitória, mas todo o seu entusiasmo
terminou quando ele percebeu que o impulso da oscilação ia levá-lo de volta, em direção à
parede, bem em cima da criatura.
Com a adrenalina correndo pelas veias, Thomas juntou as pernas e puxou-as apertadas
contra o peito. Assim que fez contato com o corpo do Verdugo, sentindo-se afundar naquela
pele asquerosa, passou a chutar com os dois pés para se afastar dali, contorcendo-se para
evitar o contato com as agulhas e garras que vinham de todas as direções. Girou o corpo para
fora e para a esquerda; então saltou para o muro do Labirinto, tentando agarrar outro ramo de
hera. As ferramentas malignas do Verdugo agitavam-se e fechavam-se projetadas atrás dele.
Sentiu um profundo arranhão nas costas.
Debatendo-se mais uma vez, Thomas encontrou um novo ramo de hera e agarrou-o com as
duas mãos. Segurou a planta apenas o suficiente para retardar a descida, ignorando a
queimação horrível que sentia. Assim que os seus pés tocaram o sólido piso de rocha, ele saiu
em disparada, correndo apesar do clamor de exaustão do seu corpo.
O ruído de um choque foi seguido pelos sons do Verdugo que rolava, estalava e zumbia.
Mas Thomas recusou-se a olhar para trás, sabendo que cada segundo era importante.
Contornou as esquinas do Labirinto a toda velocidade, martelando a pedra com os pés. Em
algum lugar na sua mente procurava registrar o sentido dos movimentos que fazia, esperando
poder viver o suficiente para usar as informações e retornar à Porta.
Direita, depois esquerda. Descida por um longo corredor, depois à direita de novo.
Esquerda. Direita. Duas vezes à esquerda. Outro corredor comprido. Os sons da perseguição
não perdiam o vigor nem se distanciavam, mas também ele não estava perdendo terreno.
Sempre em frente, ele correu, o coração a ponto de explodir. Inspirando grandes bocados
de ar, tentava bombear oxigênio para os pulmões, mas sabia que não ia aguentar muito mais
tempo. Imaginou se não seria muito mais fácil virar-se e lutar, acabando de uma vez com
aquilo.
Quando dobrou a esquina seguinte, conteve-se numa parada súbita ante a visão que tinha
diante de si. Arquejando incontrolavelmente, ficou olhando.
Três Verdugos estavam bem à sua frente, rolando enquanto enterravam os ferrões na pedra,
vindo na sua direção.
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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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