domingo, 14 de junho de 2015

Capítulo 52


A reunião foi tomada por um coro de protestos. Newt, muito calmamente, levantou-se,
aproximou-se de Thomas e pegou-o pelo braço; em seguida, conduziu-o para a porta.
- Você deve sair. Agora.
Thomas ficou sem entender.
- Sair? Por quê?
- Acho que já disse o bastante por uma reunião. Precisamos debater e decidir o que fazer...
sem a sua presença. - Eles tinham chegado à porta e Newt sutilmente empurrou-o para fora. -
Espere por mim perto da Caixa. Quando terminarmos aqui, vou lá para conversarmos.
Ele começou a se voltar, mas Thomas o deteve.
- Precisa acreditar em mim, Newt. É a única maneira de sair daqui... vamos conseguir, eu
juro. É para isso que estamos aqui.
Newt aproximou-se do rosto de Thomas e sussurrou com raiva.
- Certo, adorei especialmente aquela parte em que você se ofereceu para ser morto.
- Estou plenamente disposto a isso. - Thomas estava falando a verdade, mas só por causa
da culpa que o devastava. A culpa por ter de algum modo ajudado a criar o Labirinto. No
fundo, porém, tinha esperança de que poderia lutar o bastante para alguém introduzir o código
e desativar os Verdugos antes que o matassem. Abrindo a porta.
- Não diga! - falou Newt, ainda mais irritado. - A nobreza em pessoa, não é?
- Tenho todas as razões para isso. Acima de tudo, de certo modo a culpa por estarmos aqui
é minha. - Ele parou, respirou fundo e se recompôs. - De qualquer maneira, eu vou de um jeito
ou de outro, portanto é melhor não gastar sua energia.
Newt franziu o cenho, os olhos repentinamente cheios de compaixão.
- Se você realmente ajudou a projetar o Labirinto, Tommy, não foi culpa sua. Você é um
garoto... não podia deixar de fazer o que mandaram.
Mas não importava o que Newt dissesse. Não importava o que qualquer pessoa dissesse.
Thomas assumia a responsabilidade de toda forma - e ela ficava cada vez maior quanto mais
pensava no assunto.
- É só que... acho que preciso salvar todos. Preciso me redimir.
Newt deu um passo atrás, balançando a cabeça lentamente.
- Sabe o que é engraçado, Tommy?
- O quê? - replicou Thomas, na expectativa.
- Eu acredito em você. Você não demonstrou nem um mínimo sinal de mentira nos olhos. E
não posso mesmo acreditar que estou a ponto de dizer isso. - Fez uma pausa. - Mas vou voltar
lá para convencer aqueles trolhos que devemos passar pelo Buraco dos Verdugos, exatamente
como você disse. É bem melhor lutar contra os Verdugos do que ficar aqui sentado, esperando
enquanto vão levando um por um. - Ele ergueu um dedo. - Mas escute bem uma coisa... não
quero mais nenhuma maldita palavra sobre você morrer e toda essa baboseira de heroísmo. Se
vamos fazer isso, vamos todos correr o risco... todos nós. Ouviu bem?
Thomas ergueu as mãos, dominado pela sensação de alívio.
- Vou dizer em alto e bom som: só estava tentando defender a ideia de que vale a pena
correr o risco. Se alguém tem de morrer toda noite de qualquer maneira, pelo menos podemos
usar isso a nosso favor.
Newt franziu a testa.
- Puxa, mas isso não é uma beleza?
Thomas deu meia-volta para se afastar, mas Newt o chamou.
- Tommy?
- Oi? - Ele parou, mas não olhou para trás.
- Se eu conseguir convencer aqueles trolhos... e eu disse: se eu conseguir... o melhor
momento para ir seria à noite. Podemos esperar que uma porção de Verdugos esteja por todos
os cantos no Labirinto... menos naquele Buraco deles.
- Bom isso - Thomas concordou com ele; só esperava que Newt conseguisse convencer os
Encarregados. Voltou-se para Newt e inclinou a cabeça.
Newt sorriu, uma fissura quase imperceptível na sua carranca de preocupação.
- Devemos tentar esta noite, antes que mais alguém seja morto. - E antes que Thomas
pudesse dizer alguma coisa, Newt desapareceu, voltando para o Conclave.
Um pouco chocado com a última afirmação, Thomas deixou a Sede e encaminhou-se até
um velho banco próximo à Caixa, onde sentou-se, a mente rodopiando. Pensava no que Alby
comentara sobre o Fulgor e no que poderia significar. O garoto, que era o mais velho de todos,
também mencionara a terra incendiada e uma doença. Thomas não se lembrava de nada
daquilo, mas, se fosse tudo verdade, o mundo para o qual estavam tentando voltar não parecia
tão bom. Ainda assim... que outra escolha lhes restava? Além do fato de os Verdugos
continuarem atacando todas as noites, a Clareira estava basicamente desativada.
Frustrado, preocupado, cansado dos seus pensamentos, ele chamou por Teresa.
"Você consegue me ouvir?"
"Sim", respondeu ela. "Onde você está?"
"Perto da Caixa."
"Chego aí em um minuto."
Thomas percebeu o quanto precisava da companhia dela.
"Ótimo. Vou te contar o plano; acho que vai funcionar."
"De que se trata?"
Thomas reclinou-se no banco e pôs o pé direito sobre o joelho, imaginando como Teresa
reagiria ao que ia dizer.
"Precisamos passar pelo Buraco dos Verdugos. Usar aquele código para desativar os
Verdugos e abrir a porta de saída daqui."
Uma pausa.
"Já esperava uma coisa assim."
Thomas pensou por um segundo, depois acrescentou:
"A menos que você tenha uma ideia melhor".
"Não. Vai ser terrível."
Ele socou o punho direito contra a outra mão, muito embora soubesse que ela não podia
vê-lo.
"Vamos conseguir."
"Duvido."
"Bem, precisamos tentar."
Outra pausa, desta vez mais longa. Ele podia senti-la pensando.
"Você está certo."
"Acho que vamos esta noite. Venha aqui e podemos conversar mais sobre isso."
"Estarei aí em alguns minutos."
Thomas sentiu o estômago se contrair num nó. Agora começava a perceber o peso do que
sugerira, o plano que Newt estava tentando convencer os Encarregados a aceitar. Sabia que
era perigoso; a ideia de enfrentar os Verdugos - em vez de apenas correr deles - era
aterradora. Na melhor das hipóteses, apenas um deles morreria - mas nem nisso podiam
confiar. Talvez os Criadores tivessem reprogramado as criaturas. E então seria um deus nos
acuda.
Tentou não pensar nessa possibilidade.
Mais cedo do que Thomas esperava, Teresa o encontrou e sentou-se ao seu lado, o corpo
encostado no seu, apesar de sobrar espaço no banco. Ela segurou-lhe a mão. Ele retribuiu
apertando a mão dela, com tanta força que pensou que fosse machucá-la.
- Conte - pediu ela.
Thomas o fez, repetindo cada palavra que dissera aos Encarregados, detestando a maneira
como os olhos de Teresa se enchiam de preocupação - e de terror.
- O plano foi fácil de expor - disse ele depois de lhe contar tudo. - Mas Newt acha que
devemos ir esta noite. Não parece bom agora. - O que mais o aterrorizava era pensar em
Chuck e Teresa lá: ele já encarara os Verdugos antes e sabia muito bem como era. Queria ser
capaz de proteger os amigos dessa experiência terrível, mas sabia que não podia fazer isso.
- Vamos conseguir - falou ela em voz baixa.
Ouvi-la dizer aquilo só o deixou ainda mais preocupado.
- Mas que droga, estou com medo.
- Mas que droga, você é humano. Então tem de estar com medo.
Thomas não respondeu, e por um longo tempo eles apenas ficaram ali sentados, de mãos
dadas, sem dizer palavra, mentalmente ou em voz alta. Ele sentiu uma ligeira paz, ainda que
breve, e tentou conservá-la pelo tempo que pudesse durar.
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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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