domingo, 14 de junho de 2015

Capítulo 58


Os grievers quase que imediatamente haviam saído
completamente, seus instrumentos tinham sido sugados pela pele azulvioleta,
a sua luz apagada, a suas máquinas de dentro estavam
tranquilamente mortas. Mas e essa porta...
Thomas caiu ao chão depois de ser solto pelas garras do seu captor e, apesar da dor de
diversas lacerações nos ombros e em toda a extensão de suas costas, sentiu uma alegria tão
grande que não sabia como reagir. Ele ofegou, depois riu, então sufocou um soluço antes de rir
de novo.
Chuck fugira dos Verdugos, chocando-se contra Teresa - ela o segurava bem forte,
apertando-o num abraço arrebatado.
- Você conseguiu, Chuck - Teresa disse. - Estávamos tão preocupados com as estúpidas
palavras do código que não pensamos em procurar alguma coisa para apertar: a última
palavra, a última peça do enigma.
Thomas riu de novo, sem acreditar que tal coisa poderia ser possível tão rápido depois de
tudo pelo que haviam passado.
- Ela está certa, Chuck. Você salvou a gente, cara! Eu disse que íamos precisar de você! -
Thomas levantou-se desajeitadamente e uniu-se aos outros dois em um abraço em grupo, quase
em delírio. - O Chuck é um herói do caramba!
- E quanto aos outros? - perguntou Teresa com um movimento com a cabeça na direção do
Buraco dos Verdugos. Thomas sentiu a alegria esvair-se e recuou, voltando-se na direção do
Buraco.
Como se respondendo à pergunta dela, alguém caiu através do quadrado negro: era Minho,
parecendo que tinha cortes ou arranhões em noventa por cento do corpo.
- Minho! - gritou Thomas, cheio de alívio. - Tudo bem com você? E como está todo
mundo?
Minho cambaleou para a parede curva do túnel, depois apoiou-se nela, engolindo golfadas
de ar.
- Perdemos uma tonelada de gente... Está uma sangueira lá em cima... Então todos eles se
desligaram. - Fez uma pausa, inspirando o mais fundo que pôde e liberando o ar numa grande
expiração. - Vocês conseguiram. Não posso acreditar que tenha funcionado.
Newt atravessou logo depois, seguido por Caçarola. Na sequência vieram Winston e os
outros. Em pouco tempo, dezoito garotos tinham se unido a Thomas e aos seus amigos no
túnel, perfazendo um total de vinte e um Clareanos. Até o último, todos os demais que tinham
ficado para trás e lutado estavam cobertos pela baba dos Verdugos e por sangue humano, as
roupas desfeitas em farrapos.
- E os restantes? - indagou Thomas, aterrado com a resposta.
- Metade de nós - falou Newt, a voz débil. - Estão mortos.
Ninguém disse uma palavra então. Ninguém disse nada por um longo período de tempo.
- Querem saber de uma coisa? - falou Minho, aprumando um pouco mais o corpo. - Metade
pode ter morrido, mas metade de nós sobreviveu. E ninguém foi picado... Exatamente como
Thomas pensava. Precisamos dar o fora daqui.
"Perdas demais", pensou Thomas. "Realmente, perdas demais." A sua alegria esvaiu-se
por completo, transformada em um grande lamento pelos vinte garotos que tinham perdido a
vida. Apesar da alternativa, apesar de saber que, se não tivessem tentado escapar, todos
poderiam ter morrido, ainda assim doía, muito embora ele não os conhecesse bem. Quantas
mortes... como aquilo poderia ser considerado uma vitória?
- Vamos cair fora daqui - falou Newt. - Agora mesmo.
- Para onde vamos? - quis saber Minho.
Thomas apontou para o túnel distante.
- Ouvi a porta se abrir daquele lado. - Ele tentou afastar a dor que sentia por tudo aquilo;
os horrores da batalha que haviam acabado de vencer. As perdas. Afastou de vez a dor,
sabendo que ainda era muito cedo para achar que estivessem seguros.
- Bem, então vamos - disse Minho. Virou-se e começou a encaminhar-se para o túnel sem
esperar por uma resposta.
Newt concordou, determinando aos outros Clareanos que o ultrapassassem e seguissem
Minho. Um por um os garotos se foram até que só ele permaneceu com Thomas e Teresa.
- Vou por último - falou Thomas.
Ninguém contestou. Newt foi, depois Chuck, então Teresa, para dentro do túnel negro. Até
mesmo as luzes das lanternas pareciam engolidas pela escuridão. Thomas seguiu, nem mesmo
se incomodando em olhar para trás, para os Verdugos mortos. Depois de um minuto mais ou
menos de caminhada, ouviu um grito agudo lá na frente, seguido por outro, depois outro. Os
gritos se calaram, como se os garotos estivessem caindo...
Murmúrios seguiram-se por toda a fila de garotos e finalmente Teresa voltou-se para
Thomas.
- Parece que termina em uma descida lá na frente, uma queda abrupta.
O estômago de Thomas se revirou ao pensar naquilo. Era como se fosse um jogo - pelo
menos, para quem quer que tivesse construído aquele lugar.
Um por um, ele ouvia os gritos decrescentes lá na frente. Depois foi a vez de Newt, então
a de Chuck. Teresa apontou a luz para baixo sobre a calha preta metálica formando um tubo
inclinado em uma descida íngreme.
"Acho que não há escolha", disse ela mentalmente.
"Acho que não."
Thomas teve uma forte impressão de que não havia saída daquele pesadelo; só esperava
que aquilo não levasse a outro grupo de Verdugos.
Teresa escorregou pela rampa com um grito quase divertido, e Thomas seguiu-a antes que
pudesse hesitar... qualquer coisa era melhor do que o Labirinto.
Seu corpo despencou pelo declive abrupto, deslizante, com uma meleca oleosa que tinha
um odor horrível - como plástico queimado e máquinas esgotadas pelo uso. Contorceu o corpo
até ter os pés à frente, depois tentou usar as mãos para frear a descida. Foi inútil - aquela
espécie de graxa recobria cada centímetro da pedra; não conseguiu segurar-se em nada.
Os gritos dos outros Clareanos ecoavam pelas paredes do túnel à medida que eles
escorregavam pela rampa oleosa. O pânico tomou conta do coração de Thomas. Não podia
afastar a imagem de que tinham sido engolidos por algum animal gigantesco e que estavam
escorregando direto pelo seu esôfago comprido, prestes a cair no estômago a qualquer
instante. E como se os seus pensamentos tivessem se materializado, os cheiros mudaram - para
algo mais parecido com mofo e podridão. Começou a ter ânsias; precisou fazer todo o esforço
possível para não vomitar sobre si mesmo.
O túnel começou a virar, tomando a forma de uma espécie de espiral, o suficiente apenas
para diminuir a velocidade da queda, e Thomas bateu com os pés diretamente sobre Teresa,
atingindo-a na cabeça; ele se encolheu e foi tomado de um sentimento da mais completa
infelicidade. Eles continuavam caindo. O tempo parecia se alongar, interminável.
Volta após volta, foram descendo pelo tubo. A náusea ardia em seu estômago - a sensação
pegajosa daquela meleca contra o corpo, o cheiro, o movimento circular. Ele estava prestes a
virar a cabeça de lado para vomitar quando Teresa soltou um grito agudo - dessa vez não
houve eco. Um segundo depois, Thomas voou para fora do túnel e caiu sobre ela.
Os corpos se espalhavam por todos os lados, uns por cima dos outros, com os garotos
gemendo e contorcendo-se em confusão enquanto tentavam se desvencilhar. Thomas agitou os
braços e as pernas para ficar longe de Teresa, depois arrastou-se por mais meio metro para
vomitar, esvaziando o estômago.
Ainda estremecendo em consequência daquela experiência, ele limpou a boca com o dorso
da mão, só para perceber que ela estava coberta por uma camada de sujeira. Então sentou-se,
esfregando as duas mãos no chão, e finalmente deu uma boa olhada no lugar onde acabavam de
chegar. Enquanto observava boquiaberto, viu, também, que todos os demais tinham se reunido
em um grupo, analisando os novos arredores. Thomas tivera vislumbres dali durante a
Transformação, mas não se lembrara de lá até aquele exato momento.
Encontravam-se em uma imensa câmara subterrânea, grande o bastante para conter nove ou
dez Sedes. De cima a baixo, de lado a lado, o lugar estava forrado de todos os tipos de
máquinas, fiações, dutos e computadores. Em um lado do salão - à direita dele -, havia uma
fileira de uns quarenta compartimentos que se pareciam com enormes caixões funerários. Em
frente, do outro lado, viam-se grandes portas de vidro, embora a iluminação tornasse
impossível distinguir o que havia além delas.
- Olhem! - alguém gritou, mas ele já vira, a respiração presa na garganta. Seu corpo ficou
todo arrepiado, um calafrio insidioso de medo percorrendo-lhe toda a espinha como uma
aranha molhada.
À frente deles, uma fileira de umas vinte janelas encardidas estendia-se pelo lugar
horizontalmente, uma depois da outra. Por trás de cada uma, uma pessoa - alguns homens,
algumas mulheres, todos pálidos e magros - observava os Clareanos, olhando através do vidro
com os olhos semicerrados. Thomas estremeceu, aterrorizado - todos se pareciam com
fantasmas. Aparições de pessoas sinistras, cheias de ira e debilitadas pela fome, que nunca
tinham sido felizes em vida, muito menos mortas.
Mas Thomas sabia que não eram, é claro, fantasmas. Eram as pessoas que os tinham
enviado à Clareira. As pessoas que tinham lhes tirado sua própria vida.

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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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