ALGUMAS NOITES DEPOIS. Drinques em Clairmont. Começou às seis ou seis e meia, na hora em
que as pessoas subiram a colina até a casa. A cozinheira estava preparando o jantar e tinha
feito mousse de salmão com bolachinhas salgadas. Passei por ela e tirei uma garrafa de vinho
branco da geladeira para as tias.
Os pequenos, depois de terem passado a tarde toda na praia maior, estavam sendo
obrigados a tomar banho e trocar de roupa por Gat, Johnny e Mirren em Red Gate, onde havia
um chuveiro externo. Minha mãe, Bess e Carrie estavam sentadas em volta da mesa de centro
de Clairmont.
Levei taças de vinho para as tias e meu avô entrou.
— E então, Penny — ele disse, servindo-se de uísque do decânter sobre o aparador. —
Como você e Cady estão em Windemere este ano, nas novas circunstâncias? Bess se preocupa
que estejam solitárias.
— Eu não falei isso — disse Bess.
Carrie apertou os olhos.
— Sim, falou — meu avô disse a Bess. Ele fez um sinal para eu sentar. — Você falou dos
cinco quartos, da cozinha reformada e de como Penny está sozinha agora e não precisa de nada
disso.
— Você disse isso, Bess? — Minha mãe respirou fundo.
Bess não respondeu. Ela mordeu o lábio e ficou olhando para a paisagem.
— Não estamos solitárias — minha mãe disse ao meu avô. — Adoramos Windemere, não é,
Cady?
Meu avô sorriu para mim.
— Você está bem lá, Cadence?
Eu sabia o que devia dizer:
— Estou mais do que bem lá, estou ótima. Adoro Windemere, porque você construiu aquela
casa especialmente para minha mãe. Quero criar meus filhos lá, e que meus filhos criem os
deles. Você é demais, vovô. É o patriarca, e eu venero o senhor. Estou tão feliz por ser uma
Sinclair. Essa é a melhor família dos Estados Unidos.
Não com essas palavras. Mas eu devia ajudar minha mãe a ficar com a casa dizendo para
meu avô que ele era o maioral, que era a causa de toda a nossa felicidade, e lembrar que eu
era o futuro da família. Nós, os Sinclair cem por cento americanos, nos perpetuaríamos, altos
e brancos e belos e ricos, se ele me deixasse ficar com minha mãe em Windemere.
Eu devia fazer meu avô se sentir no controle quando seu mundo estava mudando devido à
morte da minha avó. Devia implorar através de elogios, nunca reconhecendo a agressão por
trás de sua pergunta.
Minha mãe e suas irmãs eram dependentes de meu avô e seu dinheiro. Tiveram a melhor
educação, inúmeras oportunidades, milhares de conexões, e ainda assim acabaram incapazes
de se sustentar. Nenhuma delas fez nada útil no mundo. Nada necessário. Nada corajoso.
Ainda eram garotinhas tentando cair nas graças do papai. Ele era o pão e a manteiga delas, o
leite e o mel também.
— É grande demais para nós — eu disse ao meu avô.
Ninguém disse nada enquanto eu saía da sala.
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