domingo, 14 de junho de 2015

Capítulo 25


Um silêncio total encheu a sala, como se o mundo tivesse sido congelado. Todos os
membros do Conselho olhavam para Minho. Em sua cadeira, Thomas ficou atordoado,
esperando que o Corredor dissesse que estava brincando.
Gally quebrou o encantamento, pondo-se de pé.
- Isso é ridículo! - Olhou para Newt e depois apontou para Minho, que voltara a sentar-se.
- Ele deveria ser expulso do Conselho por dizer uma coisa tão idiota.
Qualquer piedade que Thomas tivesse sentido por Gally, ainda que remota, desvaneceu-se
por completo diante daquela afirmação.
Alguns Encarregados pareceram concordar com a recomendação de Minho - como
Caçarola, que aplaudiu tentando abafar as palavras de Gally, pedindo para votar. Outros não.
Winston abanou a cabeça inflexivelmente, dizendo alguma coisa que Thomas não conseguiu
entender direito. Quando todos começaram a falar a um só tempo, Thomas pôs a cabeça entre
as mãos em expectativa, ao mesmo tempo aterrorizado e admirado. Por que Minho dissera
aquilo? "Deve ser uma brincadeira", pensou. "Newt disse que era preciso uma eternidade só
para se tornar um Corredor, quanto mais o Encarregado." Voltou a olhar para a sala,
desejando estar a quilômetros dali.
Por fim, Newt largou o bloco onde fazia as anotações e encaminhou-se para fora do
semicírculo, ordenando aos gritos que todos calassem a boca. Thomas observou que a
princípio ninguém parecia ter ouvido ou mesmo notado. Aos poucos, porém, a ordem foi
restaurada e todos se sentaram.
- Mértila - falou Newt. - Nunca vi tantos trolhos agindo como bebezinhos. Pode não
parecer, mas por aqui somos adultos. Ajam como tal, ou vamos acabar com este Conselho e
começar tudo da estaca zero. - Caminhou de uma extremidade à outra da fileira curva formada
pelos Encarregados sentados, olhando cada um deles nos olhos enquanto falava. - Estamos
entendidos?
O silêncio se abatera sobre o grupo. Thomas esperou mais explosões, mas ficou surpreso
quando todos inclinaram a cabeça concordando, até mesmo Gally.
- Bom isso. - Newt voltou para a sua cadeira e sentou-se, pondo o bloco no colo. Depois
de rabiscar algumas linhas, olhou para Minho.
- Esta porcaria é muito séria, cara. Sinto muito, mas você precisa argumentar melhor para
ir adiante com a sua proposta.
Thomas não podia negar quanto estava ansioso para ouvir a resposta.
Minho parecia exausto, mas começou a defender a sua ideia.
- É fácil demais para vocês, seus trolhos, ficar sentados aqui discutindo sobre uma coisa
de que não entendem nada. Sou o único Corredor deste grupo, e o único aqui além de mim que
já esteve lá fora, no Labirinto, é Newt.
Gally exclamou:
- Não se você contar o tempo que eu...
- Não conto! - Minho gritou. - E acredite em mim: você nem ninguém mais faz a menor
ideia de como é estar lá. Você só foi picado porque desrespeitou a mesma regra pela qual está
acusando Thomas. Isso se chama hipocrisia, seu cara de mértila cheio de...
- Chega - falou Newt. - Defenda a sua proposta e atenha-se a ela.
A tensão era visível; Thomas sentia como se o ar da sala tivesse se tornado um vidro,
passível de quebrar-se a qualquer momento. Gally e Minho encaravam-se como se a pele
esticada e vermelha do rosto deles estivesse prestes a rasgar - mas finalmente desviaram o
olhar.
- Seja como for, ouçam o que tenho a dizer - continuou Minho depois de sentar-se. - Em
toda a vida, nunca vi nada parecido com aquilo. Ele não entrou em pânico. Não se queixou
nem chorou, nunca pareceu ter medo. Cara, e ele está aqui só há uns poucos dias. Pensem em
como todos éramos no começo. Enfurnados pelos cantos, desorientados, chorando toda hora,
desconfiando de todo mundo, recusando-se a fazer qualquer coisa. Todos fomos assim,
durante semanas ou meses, até não termos outra escolha senão encarar a barra e viver.
Minho tornou a levantar-se, apontando para Thomas.
- Apenas alguns dias depois de este cara aparecer, ele sai para o Labirinto para salvar
dois trolhos que mal conhecia. Todo esse plong sobre ele desrespeitar uma regra é pra lá de
idiota. Ele nem conhecia as regras ainda. Mas quase todo mundo tinha falado para ele como é
estar no Labirinto, especialmente à noite. E mesmo assim ele foi lá, justo quando a Porta
estava fechando, preocupado apenas com duas pessoas que precisavam de ajuda. - Ele
respirou fundo, parecendo ganhar forças à medida que falava. - Mas isso foi apenas o começo.
Depois, ele me viu desistir de Alby, abandonando-o para morrer. E eu era o veterano... aquele
que tem toda a experiência e o conhecimento. Então, quando Thomas me viu desistir, ele não
deveria ter questionado isso. Mas questionou. Pensem na determinação e na força que
precisou para empurrar Alby para cima naquele muro, centímetro por centímetro. É uma
doidice. É a maior piração. Mas não foi só isso. Depois vieram os Verdugos. Eu disse para
Thomas que devíamos nos separar e comecei a pôr em prática as manobras evasivas, correndo
de acordo com os padrões. Thomas assumiu o controle, quando deveria estar mijando nas
calças, e desafiou todas as leis da física e da gravidade para levantar Alby naquele muro,
distraiu a atenção dos Verdugos fazendo-os ir para longe dali, derrotou um deles, encontrou...
- Já sacamos - bradou Gally. - O Tommy é um trolho sortudo.
Minho virou na direção dele.
- Não, seu mértila inútil, você não entendeu, não! Eu estou aqui há dois anos e nunca vi
nada parecido. Para você dizer alguma coisa...
Minho fez uma pausa, esfregando os olhos, gemendo de frustração. Thomas percebeu que
até ele ficara de boca aberta. As suas emoções estavam dispersas: simpatia pelo fato de
Minho enfrentar todo mundo em sua defesa, descrença ante a agressividade persistente de
Gally, temor por qual seria a decisão final.
- Gally - disse Minho em voz mais calma -, você não passa de um maricas que nunca, nem
uma vez, pediu para ser um Corredor ou para tentar ser. Você não tem o direito de falar sobre
coisas que não compreende. Então cale a sua boca.
Gally levantou-se outra vez, furioso.
- Fale mais uma dessas e vou quebrar o seu pescoço, aqui mesmo na frente de todo mundo.
- Ele respingava saliva pela boca enquanto falava.
Minho deu uma risada, depois levantou a palma da mão e empurrou o rosto de Gally.
Thomas meio que se levantou quando viu o rapaz ser arremessado de volta à cadeira,
inclinando-a com violência para trás e rompendo-a em dois pedaços. Gally esborrachou-se no
chão, depois fez um esforço para se levantar, apoiando-se com dificuldade nas mãos e nos
pés. Minho aproximou-se dele e atingiu as costas de Gally com a sola do pé, obrigando-o a
estatelar-se no chão.
Thomas afundou-se na cadeira, atordoado.
- Eu juro, Gally - disse Minho com um sorriso de escárnio. - Nunca mais ouse me
ameaçar. Nem mesmo fale comigo de novo. Nunca. Senão, quem vai quebrar o seu pescoço de
mértila sou eu, logo depois de fazer o mesmo com os seus braços e pernas.
Newt e Winston estavam de pé, segurando Minho antes que Thomas sequer conseguisse
entender o que estava se passando. Eles afastaram o Corredor de Gally, que se levantara de
um salto, o rosto transformado numa máscara contorcida de raiva. Mas Gally não fez nenhum
movimento na direção de Minho; simplesmente ficou ali parado com o peito arfando,
respirando com dificuldade.
Finalmente, Gally recuou, dirigindo-se meio cambaleante para a saída atrás dele. Varreu a
sala com os olhos raivosos, incendiados de ódio inflamado. Thomas teve o pensamento
doentio de que Gally parecia-se com alguém prestes a cometer um assassinato. Ele recuou
para a porta, estendeu a mão atrás de si e agarrou a maçaneta.
- As coisas não serão as mesmas a partir de agora - disse ele, cuspindo no chão. - Não
devia ter feito isso, Minho. Não devia ter feito isso. - Seu olhar maníaco voltou-se para Newt.
- Sei que você me odeia, que sempre me odiou. Você deveria ser Banido pela sua
incapacidade vergonhosa de liderar este grupo. Você é patético, e todos os que continuarem
aqui não são melhores. As coisas vão mudar. Isso eu prometo.
O coração de Thomas se apertou. Como se as coisas já não estivessem estranhas o
bastante.
Gally escancarou a porta com violência e saiu para o saguão, mas, antes que alguém
pudesse reagir, enfiou a cabeça de volta na sala.
- E quanto a você - ameaçou, fuzilando Thomas com o olhar -, o Novato que pensa que é
um maldito Deus. Não se esqueça de que já o vi antes... eu passei pela Transformação. O que
esses caras decidirem aqui não vale chongas nenhuma.
Fez uma pausa, olhando para cada pessoa na sala. Quando o seu olhar maligno pousou
sobre Thomas, ele se lembrou de dizer uma última coisa.
- Seja para o que for que veio aqui, juro pela minha vida que vou impedir. Mato você se
preciso for.
Então virou-se e saiu da sala, batendo a porta atrás de si.
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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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