domingo, 14 de junho de 2015

Capítulo 40


Luzes flamejaram por toda a Sede. Os Clareanos corriam de um lado a outro, todos
falando ao mesmo tempo. Alguns garotos choravam em um canto. O caos imperava.
Thomas ignorou tudo isso.
Saiu em disparada pelo corredor, depois desceu a escada saltando de três em três degraus.
Abrindo caminho através de uma aglomeração na entrada, logo estava fora da Sede,
encaminhando-se a toda velocidade para a Porta Oeste. Fez uma parada no limite do
Labirinto, os instintos forçando-o a pensar duas vezes antes de entrar. Newt chamou-o de trás,
o que retardou a decisão.
- Minho foi para lá! - gritou Thomas quando Newt o alcançou, uma toalhinha pressionada
contra o ferimento na cabeça. Via-se uma mancha de sangue vazando pelo tecido branco.
- Eu vi - retrucou Newt, afastando a toalha para examiná-la; fez uma careta e recolocou-a
no lugar. - Mértila, está doendo pra caramba. Minho deve ter fritado o último pedaço de
cérebro que ainda lhe restava... sem falar de Gally. Sempre soube que ele era louco.
Thomas só se preocupava com Minho.
- Estou indo atrás dele.
- Hora de bancar o maldito herói de novo?
Thomas lançou um olhar severo para Newt, magoado com a reprimenda.
- Acha que faço as coisas para impressionar vocês, trolhos? Se liga. Só quero saber de dar
o fora daqui.
- Sei, tudo bem, você é mesmo um cara durão. Mas no momento temos problemas piores.
- Problemas? - Thomas sabia que, se quisesse alcançar Minho, não tinha tempo para
aquilo.
- Alguém... - começou Newt.
- Lá está ele! - gritou Thomas. Minho acabara de contornar uma esquina e vinha correndo
na direção deles. Thomas fechou as mãos em concha ao redor da boca. - O que estava fazendo,
seu idiota?
Minho esperou até atravessar a Porta, depois curvou-se para frente, as mãos sobre os
joelhos, engolindo o ar sofregamente algumas vezes antes de responder:
- Eu só... queria... ter certeza.
- Ter certeza do quê? - quis saber Newt. - Grande coisa você fez, seguir o mesmo caminho
de Gally.
Minho endireitou o corpo e pousou as mãos nos quadris, ainda respirando com
dificuldade.
- Peguem leve, caras! Só queria ver se eles iam para o Penhasco. Para o Buraco dos
Verdugos.
- E então? - indagou Thomas.
- Na mosca. - Minho enxugou o suor da testa.
- Não posso acreditar - falou Newt, quase num sussurro. - Que noite!
Thomas tentou refletir sobre aquele Buraco e o que tudo aquilo significava, mas não
conseguiu desviar o pensamento do que Newt acabara de dizer antes de verem Minho retornar.
- O que você ia me dizer agora há pouco? - indagou. - Disse que tinha uma coisa pior...
- Isso mesmo. - Newt apontou com o polegar por cima do ombro. - Você ainda pode ver a
maldita fumaça.
Thomas olhou naquela direção. A pesada porta de metal da Casa dos Mapas estava
entreaberta, uma coluna de fumaça preta escapando pela abertura em direção ao céu
acinzentado.
- Alguém pôs fogo nos baús de Mapas - falou Newt. - Não sobrou nenhum pra contar
história.
Por alguma razão, Thomas não estava assim tão preocupado com os Mapas - até porque
eles pareciam sem utilidade àquela altura. Depois de deixar Newt e Minho, que foram
investigar a sabotagem da Casa dos Mapas, parou embaixo da janela do Amansador. Thomas
notara os dois trocando um olhar cúmplice antes de se afastarem, como se comunicassem
algum segredo. Mas ele só conseguia pensar em uma coisa.
- Teresa? - chamou.
O rosto dela apareceu, as mãos esfregando os olhos.
- Alguém foi morto? - perguntou um pouco grogue.
- Você estava dormindo? - surpreendeu-se Thomas. Era um alívio ver que ela parecia
bem, aquilo o fez relaxar.
- Estava - respondeu ela. - Até que ouvi alguma coisa atacar a Sede duas vezes. O que
aconteceu?
Thomas abanou a cabeça, incrédulo.
- Não sei como conseguiu dormir com a agitação de todos aqueles Verdugos por aí.
- Experimente sair de um coma alguma vez. Vai ver o que vai lhe acontecer. - "Agora
responda à minha pergunta", disse ela dentro da cabeça dele.
Thomas piscou, surpreso por um instante com a voz, uma vez que fazia um tempo que ela
não agia assim.
- Pare com essa porcaria.
- Então me diga o que aconteceu.
Thomas suspirou; era uma longa história e não estava com vontade de contá-la inteira no
momento.
- Você não conhece o Gally, mas ele é um garoto surtado que fugiu. Então reapareceu,
saltou sobre um Verdugo e eles todos saíram para o Labirinto. Foi muito estranho. - Ele ainda
não conseguia acreditar que tivesse acontecido mesmo.
- O que significa muita coisa - falou Teresa.
- Pois é. - Ele olhou para trás, esperando ver Alby em algum lugar.
Com certeza ele deixaria Teresa sair agora. Os Clareanos espalhavam-se por todo o lugar,
mas não havia nem sinal do líder. Ele tornou a olhar para Teresa.
- Só que não entendi. Por que os Verdugos iriam embora depois de pegar o Gally? Ele
disse alguma coisa sobre matarem um de nós a cada noite até estarmos todos mortos... ele
disse isso pelo menos duas vezes.
Teresa atravessou as mãos pelas barras, descansando os antebraços sobre o batente de
concreto.
- Só um por noite? Por quê?
- Sei lá. Ele também falou que isso tinha a ver com... experiências. Ou variáveis. Alguma
coisa do tipo. - Thomas teve o mesmo impulso estranho da noite anterior: - estender o braço e
segurar uma das mãos dela. No entanto, controlou-se.
- Tom, eu estava pensando no que você me contou que eu disse. Que o Labirinto é um
código. Ficar enfurnada aqui é uma maravilha para fazer o cérebro funcionar de verdade.
- O que você acha que significa? - Muito interessado, ele tentou bloquear os gritos e as
conversas que cruzavam a Clareira enquanto os outros descobriam que a Casa dos Mapas fora
incendiada.
- Bem, os muros se movem todos os dias, certo?
- Certo. - Ele poderia dizer que ela realmente tinha alguma coisa em mente.
- E o Minho disse que eles acham que há um padrão, certo?
- Certo. - As engrenagens também se encaixavam na cabeça de Thomas, quase como se
uma antiga lembrança começasse a retornar.
- Bem, não consigo me lembrar por que lhe disse aquilo sobre o código. Quando saí do
coma, todos os pensamentos giravam loucamente na minha cabeça, quase como se pudesse
sentir alguém esvaziando a minha mente, sugando tudo. E senti que precisava dizer aquela
coisa sobre o código antes de me esquecer. Então deve haver uma razão importante.
Thomas quase não a ouvia - estava mais concentrado nos próprios pensamentos do que o
normal.
- Eles sempre comparam o Mapa que fazem de cada área com o do dia anterior, e com o
dia anterior àquele, e com o dia anterior àquele outro, dia por dia, cada Corredor analisando a
sua Área. E se devessem comparar os Mapas com as outras áreas... - Silenciou, como se
tivesse chegado ao limiar de alguma conclusão.
Teresa pareceu ignorá-lo, desenvolvendo a sua própria teoria.
- A primeira coisa em que a palavra código me faz pensar é em letras. Letras do alfabeto.
Quem sabe o Labirinto esteja tentando soletrar alguma coisa.
Tudo se juntou tão rápido na mente de Thomas que ele quase ouviu um dique, como se as
peças todas se encaixassem no lugar ao mesmo tempo.
- Você está certa... você está certa! Mas os Corredores viram a coisa de maneira errada o
tempo todo. Eles analisaram de um jeito errado!
Dessa vez, Teresa segurou as barras com força, os nós dos dedos empalidecendo, o rosto
pressionado contra os bastões de metal.
- Como assim? Do que você está falando?
Thomas agarrou-se às duas barras exteriores às que ela segurava, aproximando-se a ponto
de sentir o cheiro dela - um cheiro surpreendentemente agradável de suor e flores.
- Minho disse que os padrões se repetiam, só que eles não conseguiam descobrir o que
isso significava. Mas eles sempre os analisaram área por área, comparando um dia ao
seguinte. E se cada dia fosse uma peça diferente do código, de algum modo eles devessem
usar todas as oito áreas juntas?
- Você acha que talvez cada dia tente revelar uma palavra? - indagou Teresa. - Com os
movimentos dos muros?
Thomas inclinou a cabeça concordando.
- Ou talvez uma letra por dia, sei lá. Mas eles sempre pensaram que os movimentos
revelariam como escapar, não como decifrar alguma coisa. Eles estudavam o conjunto como
um mapa, não como a imagem de alguma coisa. Precisamos... - Então ele parou, lembrando-se
do que Newt acabara de informar. - Ah, não!
Teresa fixou os olhos nele, preocupada.
- Algum problema?
- Ah, não! Não, não, não... - Thomas soltou as barras e cambaleou um passo para trás
quando se deu conta. Virou-se para olhar para a Casa dos Mapas. A fumaça diminuíra, mas
ainda saíam baforadas pela porta, uma nuvem escura e densa cobrindo toda a região.
- Qual o problema? - repetiu Teresa. Ela não conseguia ver a Casa dos Mapas de onde se
encontrava.
Thomas voltou a encará-la.
- Não pensei que fosse importante...
- O quê?! - exigiu ela.
- Alguém pôs fogo em todos os Mapas. Se havia um código, já era
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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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