domingo, 14 de junho de 2015

Capítulo 42


Minho acendeu a luz, fazendo Thomas semicerrar os olhos por um segundo até se
acostumar com a claridade. Sombras ameaçadoras pendiam sobre as caixas de armas
espalhadas pela mesa e pelo piso, facas, bastões e outros instrumentos asquerosos pareciam
estar esperando, prontos para ganhar vida própria e matar a primeira pessoa idiota o bastante
para se aproximar. O cheiro de bolor e umidade só contribuía para intensificar a má
impressão que a sala causava.
- Tem uma despensa oculta aqui atrás - explicou Minho, passando por algumas prateleiras
para chegar a um canto escuro. - Só poucos de nós sabem sobre ela.
Thomas ouviu o rangido de uma velha porta de madeira e então Minho arrastou uma caixa
de papelão pelo chão; o atrito sobre o piso soava como uma faca cortando um osso.
- Guardei o conteúdo de cada baú na sua própria caixa, oito no total. Estão todas ali.
- A qual corresponde esta? - quis saber Thomas; ele se ajoelhou ao lado da caixa, ansioso
para começar.
- Abra e veja você mesmo... cada página está identificada, lembra?
Thomas puxou as abas entrecruzadas até que elas se abriram.
Os Mapas da Área Dois formavam uma pilha bagunçada. Thomas estendeu a mão e puxou
o maço de papéis para fora.
- Ok - disse ele. - Os Corredores sempre compararam um dia com o outro, procurando ver
se havia um padrão que de alguma forma ajudasse a descobrir um meio de encontrar a saída.
Você mesmo disse que não sabia de verdade o que vocês estavam procurando, mas
continuavam a estudar os Mapas assim mesmo. Certo?
Minho balançou a cabeça concordando, os braços cruzados. Ele observava como se
alguém estivesse prestes a revelar o segredo da imortalidade.
- Bem - Thomas continuou -, e se todos os movimentos dos muros não tivessem nada a ver
com um mapa ou um labirinto ou qualquer outra coisa desse tipo? E se em vez disso o padrão
representasse palavras? Algum tipo de dica que nos ajude a escapar.
Minho apontou para os Mapas na mão de Thomas, soltando um suspiro de frustração.
- Cara, você faz alguma ideia de quantas vezes estudamos isso aí? Não acha que teríamos
notado se houvesse alguma sugestão de malditas palavras?
- Talvez seja muito difícil ver a olho nu, apenas comparando um dia com o seguinte. E se
não devessem comparar um dia com o seguinte, mas observar um dia de cada vez?
Newt deu uma risada.
- Tommy, posso não ser o cara mais esperto da Clareira, mas parece que você está falando
uma enorme bobagem.
Enquanto ele falava, a mente de Thomas funcionava ainda mais rápido. A resposta achavase
ao seu alcance - ele sabia que estava quase lá. Só que era muito difícil traduzir em
palavras.
- Tá bom, eu sei - disse, decidido a começar. - Sempre houve um Corredor responsável
por cada área, certo?
- Certo - respondeu Minho. Ele parecia genuinamente interessado e pronto para entender.
- E esse Corredor fazia um Mapa a cada dia, e depois o comparava com os Mapas dos
dias anteriores, dentro dessa área. E se, em vez disso, vocês devessem comparar as oito áreas
entre si, todos os dias? Cada dia sendo uma pista ou código individual? Alguma vez vocês
compararam uma área com as outras?
Minho coçou o queixo, confirmando com um movimento de cabeça.
- Sim, mais ou menos. Tentamos ver se faziam algum sentido quando as colocávamos
juntas... é claro que fizemos isso. Tentamos tudo.
Thomas puxou as pernas para baixo de si, estudando os Mapas no colo. Mal conseguia ver
as linhas do Labirinto desenhadas na segunda página através da página que estava por cima.
Nesse instante, ele soube o que precisavam fazer. Então ergueu os olhos para os outros.
- Papel-manteiga.
- Há? - surpreendeu-se Minho. - O que é que...
- Apenas confie em mim. Precisamos de papel-manteiga e de tesouras. E todas as canetas
pretas tipo marcador e lápis que puderem encontrar.
Caçarola não gostou muito que lhe tomassem uma caixa inteira de rolos de papel-manteiga,
especialmente depois do corte dos suprimentos. Ele argumentou que esse era um dos itens que
sempre pedia, já que o usava para assar. Finalmente, para convencê-lo a entregar o papel, foi
preciso que lhe contassem para que precisavam.
Depois de dez minutos procurando canetas e lápis - a maioria se encontrava na Casa dos
Mapas e fora destruída no incêndio -, Thomas sentou-se à mesa de trabalho no porão dos
armamentos com Newt, Minho e Teresa. Não tinham conseguido encontrar tesouras, assim
Thomas pegara a faca mais afiada que conseguira encontrar.
- Tomara que isso dê certo - falou Minho. Sua voz transmitia um toque de advertência, mas
os olhos demonstravam algum interesse.
Newt inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa, como se esperasse
por um truque de mágica.
- Vamos logo com isso, Fedelho.
- Muito bens. - Thomas estava ansioso por isso, mas também morria de medo que pudesse
dar em nada. Ele entregou a faca a Minho, de pois indicou o papel-manteiga. - Comece
cortando retângulos, mais ou menos do tamanho dos Mapas. Newt e Teresa, vocês podem me
ajudar a pegar os primeiros dez Mapas mais ou menos de cada caixa de área.
- O que é isso, recorte-e-cole? - Minho segurou a faca e olhou para o objeto aborrecido. -
Por que não nos diz logo que plong estamos fazendo com tudo isso?
- Não tenho mais o que explicar - falou Thomas, sabendo que só precisavam ver o que ele
estava imaginando. Levantou-se para ir dar uma busca na despensa onde estavam os mapas. -
Será mais fácil mostrar para vocês. Se estiver errado, paciência, podemos voltar a correr pelo
Labirinto como camundongos.
Minho suspirou, irritado, murmurando alguma coisa inaudível. Teresa ficara quieta por um
tempo, mas falou dentro da cabeça de Thomas:
"Sei o que você está fazendo. Brilhante, de verdade".
Thomas levou um susto, mas tentou disfarçar da melhor maneira possível. Sabia que não
podia demonstrar que ouvia vozes dentro da cabeça - os outros pensariam que estava maluco.
"Só... venha... me... ajudar", tentou responder, pensando cada palavra separadamente,
procurando visualizar a mensagem, enviá-la. Mas Teresa não respondeu.
- Teresa - disse ele em voz alta -, poderia me ajudar um segundo? - Ele indicou a despensa
com um movimento de cabeça.
Os dois foram para a salinha empoeirada e abriram todas as caixas, pegando uma pequena
pilha de Mapas de cada uma. Voltando à mesa, Thomas descobriu que Minho já cortara vinte
folhas, fazendo uma pilha bagunçada à direita enquanto atirava cada folha nova por cima.
Thomas sentou-se e pegou algumas. Segurou um dos papéis contra a luz, viu como ele
deixava passar um brilho leitoso. Era exatamente do que precisava.
Pegou um marcador.
- Muito bem, todo mundo desenha os dez últimos dias mais ou menos em uma folha desta
pilha. Não se esqueçam de identificar em cima para podermos saber a que dia correspondem.
Quando terminarem, acho que poderemos ver alguma coisa.
- O que... - começou Minho.
- Continue cortando aí, droga - ordenou Newt. - Acho que sei aonde ele quer chegar.
Thomas sentiu-se aliviado por alguém finalmente entender.
Eles se entregaram à tarefa, passando o desenho dos Mapas originais para o papelmanteiga,
um por um, tentando fazer um tracejado bem claro e correto ao mesmo tempo que
trabalhavam o mais rápido possível. Thomas usou a lateral de uma tabuinha que encontrou
como uma régua improvisada, mantendo as suas linhas bem retas. Logo ele tinha terminado
cinco mapas, depois mais cinco. Os outros seguiram o mesmo ritmo, trabalhando febrilmente.
Enquanto desenhava, Thomas começou a sentir um certo pânico, uma sensação incômoda
de que o que estavam fazendo era um total desperdício de tempo. Mas Teresa, sentada ao lado
dele, era um exemplo de concentração, a língua aparecendo no canto da boca enquanto
desenhava as linhas de um lado para o outro, para cima e para baixo. Ela parecia muito
confiante de que eles estavam no caminho certo.
Caixa por caixa, área por área, seguiram em frente.
- Pra mim chega - Newt anunciou, quebrando o silêncio. - Os meus dedos estão
queimando. Vamos ver se funciona.
Thomas abaixou a caneta, depois flexionou os dedos, na esperança de que estivesse certo
sobre tudo aquilo.
- Tá, passem para mim os últimos dias de cada área... Façam pilhas sobre a mesa, em
ordem desde a Área um até a Área Oito. A um aqui - ele apontou para uma extremidade - e a
Oito ali. - Ele apontou para a outra extremidade.
Em silêncio, eles fizeram o que Thomas pedira, separando tudo o que haviam desenhado
em oito pilhas baixas de papel-manteiga alinhadas sobre a mesa.
Agitado e nervoso, Thomas pegou uma página de cada pilha, certificando-se de que eram
do mesmo dia, mantendo-as em ordem. Depois colocou-as uma em cima da outra, de modo que
cada desenho do Labirinto coincidisse no mesmo dia em cima e embaixo, até poder olhar para
oito áreas diferentes do Labirinto de uma só vez. Achou incrível o que viu. Quase como num
passe de mágica, como um quadro entrando em foco, uma imagem apareceu.
Teresa ofegou baixinho.
As linhas se cruzavam, para cima e para baixo, de tal maneira que o que Thomas tinha nas
mãos parecia uma grade quadriculada. Mas determinadas linhas no meio - linhas que por
acaso apareciam com mais frequência do que todas as outras - produziam uma imagem
ligeiramente mais escura do que o restante. Era sutil, mas, sem sombra de dúvida, dava para
ver.
Bem no centro da página via-se a letra "F".
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Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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