quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PATTY DAY 2 DE JANEIRO DE 1985 11h31


Enfiara-se na casa de banho quando Len se fora embora, o sorriso amarelo dele ainda
presente na sua mente, a oferecer-lhe qualquer coisa de desagradável, um tipo de ajuda
que ela sabia que não queria. As meninas tinham saído em catadupa do quarto assim que
ouviram a porta a fechar e, depois de um rápido conluio sussurrado à porta da casa de
banho, decidiram deixá-la em paz e voltar para a frente da televisão.
Patty pousou as mãos na barriga adiposa, sentindo que o seu suor se tornara frio. A
quinta dos seus pais, falida. Sentiu a pontada de culpa no estômago que sempre fizera dela
uma menina tão bem-comportada, o medo constante de desiludir os pais, por favor, por
favor, Deus, não deixes que eles descubram. Eles tinham-lhe confiado aquela casa e ela
ficara aquém das expectativas. Imaginou-os nas nuvens do Céu, os braços do pai à volta
da mãe, olhando ambos para ela, abanando a cabeça: O que é que te passou pela cabeça
para fazeres uma coisa dessas? O ralhete preferido da mãe.
Teriam de se mudar para uma terra completamente diferente. Kinnakee não tinha
edifícios de apartamentos e eles iam ter de se encafuar num apartamento qualquer e ela
seria obrigada a arranjar um emprego num escritório; se conseguisse, claro. Sempre tivera
pena de quem vivia em apartamentos, sujeito a ouvir os arrotos e discussões dos vizinhos.
As pernas cederam e, de repente, Patty deu por si sentada no chão. Não tinha energia para
abandonar a quinta, jamais. Gastara o pouco que lhe restava nesses últimos anos. Alguns
dias de manhã nem sequer conseguia sair da cama, não era fisicamente capaz de tirar as
pernas de debaixo das cobertas, as meninas tinham de a arrastar, puxando-a com os
calcanhares fincados no chão, e, enquanto lhes preparava o pequeno-almoço e as ajudava a
arranjar-se para irem à escola, sonhava acordada com a sua própria morte. Uma coisa
rápida, um ataque cardíaco durante a noite ou uma súbita colisão com um veículo. Mãe de
quatro filhos atropelada por autocarro. E os filhos entregues aos cuidados de Diane, que
não os deixaria passar o dia inteiro de pijama e os levaria ao médico quando estivessem
doentes, e os apressaria para que terminassem o que quer que tivessem para fazer. Patty
era uma mulher franzina, frágil e trémula, que se deixava arrastar facilmente pelo
otimismo, mas ainda mais facilmente pelo desânimo. Era Diane quem devia ter herdado a
quinta. Mas ela não quisera ter nada a ver com o assunto, saíra de casa aos dezoito anos,
uma trajetória alegre, tipo bumerangue, que a fizera aterrar como rececionista num
consultório médico a uns escassos, mas cruciais, cinquenta quilómetros de distância, em
Schieberton.
Os pais tinham encarado a partida de Diane com estoicismo, como se sempre tivesse
estado nos planos. Patty lembrava-se de, nos tempos do liceu, eles terem ido vê-la fazer o
seu espetáculo de cheerleader numa húmida noite de outubro. Sujeitaram-se a um trajeto
de três horas de automóvel, até ao interior do Kansas, quase no Colorado, e durante o jogo
todo caiu uma chuva ligeira, mas persistente. No fim (Kinnakee perdeu), os seus pais
grisalhos e a sua irmã, três ovais robustas enfiadas em casacos de lã áspera, correram
para o campo para se juntarem a ela, todos sorrindo com tanto orgulho e gratidão que
qualquer pessoa julgaria que Patty tinha descoberto a cura para o cancro, os olhos deles
franzidos de riso por detrás de três pares de óculos manchados de chuva.
Ed e Ann Krause estavam mortos agora, tinham morrido cedo, mas não de maneira
inesperada, e Diane era agora gerente do mesmo consultório médico de sempre e vivia
numa rulote, num parque de atrelados decente, bordejado de flores.
«Para mim, esta vida chega-me», costumava ela dizer. «Não me consigo imaginar a
querer outra diferente.»
Diane era assim. Competente. Era ela que se lembrava dos pequenos mimos de que as
meninas gostavam, nunca se esquecia de lhes comprar todos os anos as t-shirts a dizer
Kinnakee, o Coração da América! Diane inventara que Kinnakee significava «mulherzinha
mágica» em índio e as meninas ficaram tão contentes com isso que Patty nunca tivera
coragem de lhes contar que Kinnakee significava rocha ou corvo ou uma coisa qualquer
desse género.
A buzina do carro de Diane intrometeu-se nos seus pensamentos com o seu habitual
pipipi! festivo.
— Diane! — guinchou Debby, e Patty ouviu as três meninas precipitarem-se para a
porta da rua, conseguiu visualizar a amálgama de puxinhos e rabiosques e, depois,
imaginou-as a correr direitas ao carro e Diane a ir embora com elas e a deixá-la naquela
casa onde Patty reduziria tudo ao silêncio.
Obrigou-se a levantar-se e limpou o rosto com uma toalha bafienta. Tinha sempre o
rosto vermelho, os olhos raiados de sangue, por isso era impossível perceber-se se tinha
estado a chorar, a única vantagem de parecer constantemente um rato esfolado. Quando
abriu a porta, a irmã já estava a desensacar três carregamentos de comida enlatada e a
mandar as meninas ao carro buscar o resto. Patty começara a associar o cheiro dos sacos
de papel pardo a Diane, havia tanto tempo que ela lhes trazia comida. Era o exemplo
perfeito da vida imperfeita que Patty levava: vivia numa quinta, mas nunca tinha o
suficiente para comer.
— Comprei-lhes um daqueles livros de autocolantes — anunciou Diane, pondo-o em
cima da mesa.
— Oh, estás a estragá-las com mimos, D.
— Só lhes comprei um, por isso vão ter o partilhar. E isso é bom, não é? — Riu-se e
começou a fazer café. — Importas-te?
— Claro que não, eu já devia ter o café pronto.
Patty foi ao armário buscar a caneca de Diane; ela preferia uma caneca pesada e
enorme, do tamanho da cara, que pertencera ao pai. Patty ouviu o previsível esguicho e
virou-se, dando uma pancada na maldita máquina do café que empancava sempre depois
da terceira cuspidela.
As meninas entraram na cozinha, carregando os sacos para a mesa e, a mando de
Diane, começaram a arrumar as compras.
— Onde é que está o Ben? — perguntou Diane.
— Mmmm — fez Patty, pondo três colheres de chá de açúcar na caneca de Diane. Fez
um sinal às filhas, que já estavam a abrandar a arrumação das latas nos armários e a
olhar para cima, em diferentes poses de indiferença.
— Ele meteu-se em sarilhos — explodiu Michelle, alegremente. — Outra vez.
— Conta-lhe o que ele fez ao... tu sabes o quê — incitou Debby, dando uma cotovelada
à irmã.
Diane virou-se para Patty com uma careta, claramente à espera de uma história sobre
contratempos ou mutilações.
— Meninas, a tia D trouxe-vos um livro de autocolantes...
— Vão brincar com ele no vosso quarto para eu poder conversar com a vossa mãe. —
Diane falava sempre com as meninas num tom mais rude do que Patty: era Diane a imitar
a maneira de ser pretensamente abrupta de Ed Krause, que troava e resmungava com elas
com um cansaço tão exagerado que elas sabiam, mesmo em miúdas, que ele estava a
brincar. Patty acrescentou um olhar suplicante na direção de Michelle.
— Oh, que bom, um livro de autocolantes! — anunciou Michelle, com um entusiasmo
apenas um nadinha forçado. Michelle estava sempre disposta a ser cúmplice em qualquer
esquema dos adultos. E assim que Michelle fingia querer qualquer coisa, Libby punha-se
logo a ranger os dentes e a esticar as mãos. Libby nascera no Natal, o que significava que
nunca recebia a quantidade certa de prendas. Patty punha uma prenda de parte — e
Parabéns, Libby! —, mas todos sabiam a verdade: Libby estava a ser roubada. E era raro
Libby não sentir que estava a ser roubada.
Patty sabia estas coisas sobre as filhas, mas estava sempre a esquecer-se. O que é
que se passava de errado com ela, se estes pedaços das personalidades das suas filhas
estavam sempre a surpreendê-la?
— Queres ir para a garagem? — perguntou Diane, dando uma palmadinha nos cigarros
que levava no bolso do peito.
— Oh — foi a única coisa que Patty disse em resposta. Desde os trinta que Diane
deixava de fumar e voltava a fumar pelo menos duas vezes por ano, todos os anos. Agora
tinha trinta e sete (e estava em muito pior estado do que Patty, com a pele do rosto aos
losangos como uma cobra) e havia muito que Patty aprendera que a melhor maneira de a
apoiar era calando-se simplesmente e levando-a para a garagem. Exatamente como a mãe
costumava fazer com o pai. Escusado será dizer que ele morreu de cancro do pulmão
pouco depois de fazer cinquenta anos.
Patty seguiu a irmã, obrigando-se a respirar, preparando-se para contar a Diane que a
quinta estava falida, à espera de ver se ela desatava aos gritos sobre o esbanjamento
irresponsável de Runner e a maneira como Patty permitira o esbanjamento irresponsável
de Runner, ou se pura e simplesmente ficava calada e fazia um mero aceno de cabeça.
— Então, o que é que se passa com o «tu-sabes-o-quê» do Ben? — perguntou Diane,
instalando-se numa cadeira de jardim que rangia, com duas das tiras partidas e
penduradas. Acendeu um cigarro e apressou-se a abanar a mão para afastar o fumo de
Patty.
— Oh, não é nada de estranho, não é isso. Quer dizer, estranho é, mas... ele pintou o
cabelo de preto. O que é que isso significa?
Esperou que Diana soltasse uma gargalhada em resposta, mas Diane ficou calada.
— Como é que o Ben anda, Patty? Em geral, como é que ele te parece?
— Não sei... instável.
— Ele sempre foi de humor instável. Já em bebé parecia um gato. Num instante era
todo meiguinho e, no instante seguinte, olhava para nós como se não fizesse ideia de
quem éramos.
Era verdade, Ben, com dois anos, era uma coisa espantosa. Exigia carinho sem rodeios,
agarrava um peito ou um braço, mas assim que recebia uma dose suficiente de afeto, o
que acontecia depressa, ficava completamente inerte, fazia-se de morto até uma pessoa o
largar. Ela levara-o ao médico e Ben sentara-se, hirto e de lábios cerrados, um menino
estoico de camisola de gola alta, com uma capacidade extraordinária para conter as
emoções. Até o médico pareceu assustado, deu ao garoto um chupa-chupa barato e
mandou-a voltar daí a seis meses se ele estivesse na mesma. Ele estava sempre na
mesma.
— Bom, ter um humor instável não é crime — disse Patty. — O Runner era assim.
— O Runner é um idiota, não é a mesma coisa. O Ben sempre teve aquele ar
desligado.
— Ele tem quinze anos — começou Patty, e deixou a frase em suspenso. Os seus
olhos pousaram num frasco de pregos que estava na prateleira, um frasco em que
provavelmente nunca ninguém tinha mexido desde o tempo em que o seu pai era vivo.
Tinha uma etiqueta de fita adesiva a dizer Pregos escrito na sua longa caligrafia vertical.
A garagem tinha um chão de cimento com manchas de óleo, que estava ainda mais
frio do que o ar. A um canto, um velho jarro de quase quatro litros de água congelara e
rebentara com as costuras de plástico. O fumo de tabaco de Diane misturava-se com o
hálito delas e, pairava, pesado, no ar. Apesar disso, Patty sentia-se estranhamente
satisfeita ali, entre aquelas velhas ferramentas que ela conseguia imaginar nas mãos do
pai: ancinhos com dentes vergados, machados de todos os comprimentos, prateleiras
apinhadas de frascos cheios de parafusos, pregos e anilhas. Havia, inclusive, uma velha
geladeira de metal, com a base manchada de ferrugem, onde o pai costumava guardar as
cervejas enquanto ouvia os relatos da bola no rádio.
Irritou-a o facto de Diane estar tão calada, uma vez que Diane gostava de dar a sua
opinião sempre que podia, mesmo quando não tinha opinião. Irritou-a ainda mais o facto de
Diane estar tão parada, de não ter visto naquela situação uma oportunidade para
implementar um projeto, qualquer coisa para endireitar ou consertar, uma vez que Diane
era uma pessoa de atos, nunca ficava quieta só a falar.
— Patty, tenho de te contar uma coisa que ouvi. E a minha reação inicial foi não te
dizer nada, porque é óbvio que não é verdade. Mas tu és mãe e deves saber e... c’os
diabos, não sei, mas acho que deves saber.
— Está bem.
— O Ben alguma vez brincou com as meninas de uma maneira que pudesse deixar
uma pessoa confusa?
Patty ficou especada a olhar para ela.
— De uma maneira que as pessoas pudessem interpretar mal... sexualmente?
Patty quase se engasgou.
— O Ben detesta as meninas! — Ficou surpreendida com o alívio que sentiu. — Dá-se
o mínimo possível com elas.
Diane acendeu outro cigarro e fez um aceno tenso com a cabeça.
— Bom, está bem, ótimo. Mas não é só isso. Uma amiga minha disse-me que anda por
aí um boato de que houve queixas na escola por causa do Ben, de que umas quantas
meninas, da idade da Michelle, mais ou menos, disseram que o tinham beijado ou que ele
lhes tocou, ou uma coisa dessas. Talvez pior. O que ouvi era pior.
— O Ben? Tens noção de que isso é perfeitamente absurdo! — Patty levantou-se, sem
saber o que fazer com os braços nem com as pernas. Virou-se para a direita e depois
para a esquerda demasiado depressa, como um cão distraído, e sentou-se outra vez. Uma
das correias da cadeira partiu-se.
— Eu sei que é absurdo. Ou um equívoco qualquer.
Era a pior palavra que Diane podia ter usado. Assim que ela a disse, Patty soube que
tinha estado com pavor disso mesmo. Dessa quota de possibilidade — um equívoco — que
podia transformar tudo numa questão grave. Uma festinha na cabeça podia ser uma
carícia nas costas que podia ser um beijo na boca que podia ser a casa a vir abaixo.
— Um equívoco? O Ben não se equivocaria em relação a um beijo. Nem a uma carícia.
Nem a uma menina. Ele não é um tarado. É um miúdo estranho, mas não tem uma mente
perversa. Não é louco. — Patty passava o seu tempo a jurar que Ben não era estranho, era
um miúdo normal. Mas, agora, não se importava nada com o adjetivo estranho. De repente,
tomou consciência das coisas, como uma descarga súbita e desenfreada, como quando
uma pessoa leva com os cabelos na cara enquanto conduz.
— Dizes-lhes que ele não faria uma coisa dessas? — perguntou Patty, e as lágrimas
assolaram-na em catadupa, de repente tinha as faces molhadas.
— Posso dizer a toda a gente de Kinnakee, a toda a gente no estado do Kansas, que ele
não faria uma coisa dessas e, ainda assim, as pessoas podem continuar a falar. Não sei.
Não sei. Ouvi o boato ontem à tarde, mas parece que está a tornar-se... maior. Quase me
meti no carro e vim cá. Depois, passei o resto da noite a convencer-me de que não era
nada. E, hoje de manhã, acordei e percebi que era.
Patty conhecia essa sensação, uma ressaca de um sonho, como quando acordava
sobressaltada e em pânico, às duas da manhã, e tentava convencer-se de que estava tudo
bem com a quinta, que nesse ano os negócios correriam de feição, e depois se sentia
ainda pior quando acordava ao som do despertador, umas horas depois, culpada e
ludibriada. Era surpreendente a maneira como uma pessoa podia passar horas a meio da
noite a fingir que estava tudo bem e, em trinta segundos de luz diurna, tomar consciência
de que isso pura e simplesmente não era verdade.
— Quer dizer que vieste até cá trazer compras de mercearia e um livro de
autocolantes quando, na realidade, a tua intenção era contar-me esta história sobre o Ben.
— Como eu disse... — Diane encolheu os ombros, num gesto solidário, e abriu os
dedos, exceto os que seguravam no cigarro.
— Bom, o que é que vai acontecer agora? Sabes os nomes das meninas? Alguém me
vai telefonar ou falar comigo, ou falar com o Ben? Preciso de encontrar o Ben.
— Onde é que ele está?
— Não sei. Tivemos uma discussão. Por causa do cabelo dele. Ele foi-se embora de
bicicleta.
— Afinal que história é essa de ele ter pintado o cabelo?
— Não sei, Diane! Mas, pelo amor de Deus, que importância tem isso agora?
Mas era óbvio que Patty sabia que tinha importância. Tudo agora seria filtrado e
peneirado em busca de um significado qualquer.
— Bom, isto não me parece uma emergência — disse Diane baixinho. — Não acho que
tenhamos de o mandar voltar para casa imediatamente, a menos que queiras que ele volte
imediatamente.
— Quero que ele volte imediatamente para casa.
— Está bem, então vamos começar a fazer telefonemas. Dá-me uma lista de amigos
dele e eu começo a telefonar.
— Já nem sequer sei quem são os amigos dele — disse Patty. — Hoje de manhã,
apanhei-o a conversar com alguém ao telefone, mas não me disse quem era.
— Então, vemos qual foi o último número que ele marcou.
A irmã resmungou, apagou o cigarro com uma bota, puxou Patty para fora da cadeira e
conduziu-a para dentro de casa. Diane ralhou com as meninas para que não saíssem do
quarto, quando a porta delas estalou, dirigiu-se para o telefone e carregou com ar
determinado na tecla de remarcação com um dedo másculo. O auscultador emitiu uma
cantilena de ruídos numéricos — bipbipbipbipbipbupbip — e, antes mesmo que tocasse,
Diane desligou.
— É o meu número.
— Ah, pois é. Liguei-te a seguir ao pequeno-almoço para te perguntar a que horas
vinhas.
As duas irmãs sentaram-se à mesa e Diane serviu mais umas canecas de café. O
brilho da neve incidiu no interior da cozinha como uma luz estroboscópica.
— Temos de trazer o Ben para casa — disse Patty.
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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