terça-feira, 28 de abril de 2015

10



MEU AVÔ ENTROU BEM NA HORA. Gat deu um pulo. Pisou sem jeito nos livros separados por cor,
que se espalharam pelo chão.
— Estou interrompendo? — meu avô perguntou.
— Não, senhor.
— Sim, com certeza estou.
— Desculpe pela poeira — eu disse. Constrangedor.
— Penny achou que pudesse ter algo aqui que eu quisesse ler. — Meu avô puxou uma antiga
cadeira de vime para o centro do sótão e sentou, debruçando-se sobre os livros.
Gat permaneceu em pé. Ele precisava abaixar a cabeça por causa do teto inclinado do
sótão.
— Cuidado, meu jovem — disse meu avô, curto e grosso.
— Perdão?
— Cuidado com a cabeça. Você pode se machucar.
— O senhor tem razão — disse Gat. — O senhor tem razão, posso me machucar.
— Então tome cuidado — meu avô repetiu.
Gat se virou e desceu as escadas sem dizer mais nada.
Meu avô e eu ficamos em silêncio por um momento.
— Ele gosta de ler — eu disse, depois de um tempo. — Achei que pudesse querer algum
livro do meu pai.
— Você é muito importante pra mim, Cady — disse meu avô, batendo no meu ombro. —
Minha primeira neta.
— Eu também te amo, vovô.
— Lembra quando te levei ao jogo de beisebol? Você só tinha quatro anos.
— Claro.
— Você nunca tinha comido pipoca doce — meu avô disse.
— Eu sei, você comprou dois sacos.
— Tive que te colocar no colo para você poder enxergar. Lembra, Cady?
Eu lembrava.
— Conta pra mim.
Eu sabia o tipo de resposta que meu avô queria que eu desse. Era um pedido que fazia
quase sempre. Ele gostava de reviver os momentos importantes da família Sinclair,
aumentando sua importância. Estava sempre perguntando o significado de alguma coisa, e a
gente tinha que responder com detalhes. Imagens. Talvez uma lição aprendida.
Normalmente eu adorava contar e ouvir essas histórias. Os lendários Sinclair, como nos
divertíamos, como éramos bonitos. Mas naquele dia eu não queria.
— Foi seu primeiro jogo de beisebol. — Meu avô insistiu. — Depois disso, comprei um
taco vermelho de plástico. Você praticou o giro no gramado da casa de Boston.
Será que meu avô sabia o que havia interrompido? Ele se importaria se soubesse?
Quando eu veria Gat novamente?
Ele terminaria com Raquel?
O que aconteceria entre nós?
— Você quis fazer pipoca doce em casa. — Meu avô prosseguiu, embora soubesse que eu
conhecia a história. — E Penny te ajudou. Mas você chorou quando viu que não tínhamos
saquinhos vermelhos e brancos para colocar. Você se lembra disso?
— Lembro, vô — respondi, cedendo. — Você voltou até o estádio no mesmo dia e comprou
dois sacos de pipoca doce. Comeu tudo no caminho, só para poder me dar os saquinhos. Eu
lembro.
Satisfeito, ele se levantou e saímos juntos do sótão. Meu avô tinha dificuldade de descer as
escadas, então colocou a mão no meu ombro.
ENCONTREI GAT na trilha da costa e corri até onde ele estava, olhando para a água. O vento
estava forte e meu cabelo voava no olho. Quando eu o beijei, seus lábios estavam salgados.
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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