terça-feira, 28 de abril de 2015

24



OS MENTIROSOS NÃO VÃO AO CAIS quando chegamos, nem tia Bess e meu avô. Ali estão apenas
os pequenos: Will e Taft, Liberty e Bonnie.
Os meninos, ambos com dez anos, chutam um ao outro e brincam de luta. Taft vem correndo
e agarra meu braço. Eu o pego e giro. Fico surpresa com sua leveza, como se seu corpo
sardento fosse de um passarinho.
— Está se sentindo melhor? — pergunto.
— Tem picolé no freezer! — ele grita. — De três sabores diferentes!
— Estou falando sério, Taft. Você estava perturbado no telefone ontem à noite.
— Não estava.
— Estava, sim.
— Mirren leu uma história para mim. Depois eu dormi. Sem problemas.
Bagunço seu cabelo cor de mel.
— É só uma casa. Muitas casas parecem assustadoras à noite, mas de manhã voltam a ser
agradáveis.
— Nem estamos mais ficando em Cuddledown mesmo — Taft diz. — Mudamos para a nova
Clairmont, com o vovô.
— Ah, é?
— Temos que ficar comportados lá e não agir como idiotas. Já levamos nossas coisas. E
Will pegou três águas-vivas na praia maior e também um caranguejo morto. Você vai lá ver?
— É claro.
— Ele está com o caranguejo no bolso, mas as águas-vivas estão em um balde com água —
diz Taft, e depois sai correndo.
MINHA MÃE E EU caminhamos pela ilha até Windemere, uma curta distância pela passagem de
madeira. As gêmeas ajudam com as malas.
Meu avô e tia Bess estão na cozinha. Há flores do campo em vasos sobre a bancada, e Bess
esfrega a pia limpa com palha de aço enquanto meu avô lê o Martha’s Vineyard Times.
Bess é mais delicada que as irmãs, e mais loira, mas saiu do mesmo molde. Usa jeans
branco, uma blusa de algodão azul-marinho e diamantes. Ela tira as luvas de borracha, beija
minha mãe e me dá um abraço longo demais, apertado demais, como se estivesse tentando
abraçar uma mensagem profunda e secreta. Ela tem cheiro de água sanitária e vinho.
Meu avô levanta, mas não atravessa o cômodo até Bess terminar o abraço.
— Olá, Mirren — ele diz com jovialidade. — Bom ver você.
— Ele está fazendo isso toda hora — Carrie diz para mim e para minha mãe. — Chama
todo mundo de Mirren.
— Sei que ela não é Mirren — meu avô diz.
Os adultos ficam conversando e eu saio com as gêmeas. Elas estão esquisitas de Crocs e
vestidos de verão. Já devem ter quase catorze anos. Têm as pernas fortes de Mirren e os olhos
azuis, mas o rosto fino.
— Seu cabelo está preto — diz Bonnie. — Você parece uma vampira morta.
— Bonnie! — Liberty dá um tapa nela.
— Bom, é redundante, porque todos os vampiros estão mortos — diz Bonnie. — Mas eles
têm olheiras escuras e pele branca, como você.
— Seja legal com a Cady — Liberty sussurra. — Mamãe mandou.
— Estou sendo legal — diz Bonnie. — Muitos vampiros são bonitos. É um fato
comprovado.
— Eu disse que não queria que você ficasse falando sobre coisas mortas e assustadoras
durante o verão — afirma Liberty. — Já foi ruim o bastante ontem à noite. — Ela se vira para
mim. — Bonnie está obcecada com a morte. Fica lendo livros sobre isso o tempo todo e
depois não consegue dormir. É irritante, porque dormimos no mesmo quarto. — Liberty diz
tudo isso sem olhar nos meus olhos.
— Eu estava falando do cabelo da Cady — diz Bonnie.
— Mas não precisava falar que ela parece morta.
— Não faz mal — digo a Bonnie. — Na verdade, não me importo com o que você acha,
então está tudo bem
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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