TARDE DA NOITE, a casa produz ruídos — exatamente o que estava assustando Taft em
Cuddledown. Todas as casas fazem isso por aqui. São antigas, e a ilha é golpeada por ventos
marítimos.
Tento voltar a dormir.
Não.
Desço as escadas e vou até a varanda. Minha cabeça parece bem agora.
Tia Carrie está na passagem, na direção contrária de onde estou, usando camisola e um par
de botas forradas de pelo. Parece muito magra, com os ossos do peito expostos e as maçãs do
rosto fundas.
Vira na passagem de madeira que leva a Red Gate.
Eu me sento, olhando fixamente para ela. Respirando o ar da noite e escutando as ondas.
Alguns minutos depois ela aparece no acesso a Cuddledown novamente.
— Cady — ela diz, parando e cruzando os braços diante do peito. — Está se sentindo
melhor?
— Sinto muito por ter perdido o jantar — digo. — Estava com dor de cabeça.
— Tem jantar toda noite, o verão inteiro.
— Não consegue dormir?
— Ah, você sabe. — Carrie coça o pescoço. — Não consigo dormir sem Ed. Não é bobo?
— Não.
— Comecei a caminhar. É um bom exercício. Você viu Johnny?
— Não no meio da noite.
— Às vezes ele levanta junto comigo. Está vendo ele?
— Você pode ver se a luz do quarto dele está acesa.
— Will tem uns pesadelos terríveis — Carrie diz. — Ele acorda gritando e depois não
consigo voltar a dormir.
Estremeço em meu moletom.
— Quer uma lanterna? — pergunto. — Tem uma lá dentro.
— Ah, não. Gosto do escuro.
Ela sobe o monte novamente com passos pesados.
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