MINHA MÃE ESTÁ NA COZINHA da nova Clairmont com meu avô. Eu os vejo pelas portas de
vidro.
— Acordou cedo — ela diz quando entro. — Está se sentindo melhor?
Meu avô está vestindo um roupão xadrez. Minha mãe usa um vestido de verão decorado
com pequenas lagostas. Ela está fazendo café expresso.
— Quer um bolinho? A cozinheira fez bacon também. — Ela atravessa a cozinha e deixa os
cães entrarem em casa. Bosh, Grendel e Poppy abanam o rabo e babam. Minha mãe se abaixa
e limpa a pata deles com um pano úmido, depois, distraidamente, limpa o chão onde suas
patas enlameadas deixaram marcas. Eles sentam de um jeito desajeitado, gracioso.
— Onde está Fatima? — pergunto. — Onde está Príncipe Philip?
— Eles se foram — diz minha mãe.
— O quê?
— Seja gentil com ela — diz meu avô. Ele se vira para mim. — Eles morreram há algum
tempo.
— Os dois?
Meu avô faz que sim com a cabeça.
— Sinto muito. — Eu me sento ao lado dele na mesa. — Eles sofreram?
— Não por muito tempo.
Minha mãe traz um prato de bolinhos de framboesa e um prato de bacon para a mesa. Pego
um bolinho e passo manteiga e mel.
— Ela costumava ser loirinha. Uma Sinclair dos pés à cabeça. — Meu avô reclama para
minha mãe.
— Falamos sobre meu cabelo quando foi nos visitar — lembro a ele. — Não espero que
goste. Avôs nunca gostam de cabelo tingido.
— Você é a mãe. Devia obrigar Mirren a voltar ao cabelo de antes — meu avô diz para
minha mãe. — O que aconteceu com as loirinhas que corriam por essa casa?
Minha mãe suspira.
— Nós crescemos, pai — ela diz. — Nós crescemos.
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