terça-feira, 28 de abril de 2015

33



VOU ALMOÇAR na nova Clairmont uma hora depois. Sei que minha mãe não vai tolerar minha
ausência depois de ter perdido o jantar da noite anterior. Meu avô me mostra a casa enquanto
a cozinheira prepara a comida e as tias reúnem os pequenos.
É um lugar elegante. Piso de madeira brilhante, janelas enormes, tudo em linhas retas. Os
corredores de Clairmont costumavam ser decorados do chão ao teto com fotografias de
família em banco e preto, pinturas de cachorros, estantes, e a coleção de cartuns da New
Yorker do meu avô. Os corredores da nova Clairmont são vidro de um lado e vazio do outro.
Meu avô abre as portas dos quatro quartos de hóspedes no andar de cima. Todos estão
mobiliados apenas com camas e cômodas baixas e largas. As janelas têm cortinas brancas que
deixam entrar um pouco de luz. Não há estampa nas colchas; são apenas em tons refinados de
azul ou marrom.
O quarto dos pequenos tem alguma vida. Taft tem jogos no chão, uma bola de futebol, livros
sobre bruxos e órfãos. Liberty e Bonnie trouxeram revistas e um tocador de MP3. Tem pilhas
dos livros de Bonnie sobre caçadores de fantasmas, médiuns e anjos perigosos. A cômoda está
lotada de maquiagem e frascos de perfume. Há raquetes de tênis no canto.
O quarto do meu avô é maior que os outros e tem a melhor vista. Ele me leva até lá e me
mostra o banheiro, cujo chuveiro tem barras de apoio. Barras para velhos, para ele não cair.
— Onde estão seus cartuns da New Yorker? — pergunto.
— O decorador tomou algumas decisões.
— E as almofadas?
— O quê?
— Vocês tinham aquelas almofadas. Com cães bordados.
Ele sacode a cabeça.
— Você ficou com o peixe?
— O quê? O peixe-espada e tudo aquilo? — Descemos a escadaria até o andar térreo. Meu
avô se movimenta com lentidão e eu ando atrás dele. — Comecei de novo com essa casa —
ele diz simplesmente. — A antiga vida se foi.
Ele abre a porta do escritório. Tem a mesma seriedade do resto da casa. Há um laptop no
meio da mesa. Uma janela grande dá para o jardim japonês. Uma cadeira. Uma parede com
prateleiras completamente vazias.
Parece sóbrio e aberto, mas não é modesto, porque tudo é opulento.
Meu avô é mais parecido com minha mãe do que comigo. Ele apagou a antiga vida gastando
dinheiro em outra para substituí-la.
— Onde está aquele jovem? — meu avô pergunta de repente. Seu rosto assume uma
expressão vaga.
— Johnny?
Ele sacode a cabeça.
— Não, não.
— Gat?
— Sim, aquele jovem. — Ele se segura na mesa por um instante, como se sentisse tontura.
— Você está bem?
— Ah, estou.
— Gat está em Cuddledown com Mirren e Johnny — digo a ele.
— Prometi um livro a ele.
— A maioria dos seus livros não está aqui.
— Pare de me dizer o que não está aqui! — meu avô grita com um vigor repentino.
— Você está bem? — pergunta tia Carrie da porta do escritório.
— Estou — ele diz.
Carrie me olha de um jeito estranho e pega no braço do meu avô.
— Vamos. O almoço está pronto.
— Você voltou a dormir? — pergunto a minha tia no caminho para a cozinha. — Ontem à
noite… Johnny estava acordado?
— Não sei do que está falando — ela diz
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

Total de visualizações

Seguidores

Livros populares

Search