A COZINHEIRA DO MEU AVÔ faz as compras e prepara os alimentos, mas as tias planejam todas
as refeições. Hoje comemos frango assado, salada de tomate com manjericão, queijo
camembert, pão e limonada na sala de jantar. Liberty me mostra fotos de meninos bonitos em
uma revista. Depois me mostra fotos de roupas em outra. Bonnie lê um livro chamado
Aparições coletivas: Fato e ficção. Taft e Will querem que eu os leve para brincar de esquiboia,
ou seja, que dirija o pequeno barco a motor rebocando uma boia com os dois dentro.
Minha mãe diz que não posso dirigir o barco enquanto estiver tomando remédio.
Tia Carrie diz que não importa, porque Will não vai brincar de esqui-boia de jeito nenhum.
Tia Bess diz que concorda, então é melhor Taft nem pensar em pedir a ela.
Liberty e Bonnie perguntam se elas podem ir.
— Você sempre deixou Mirren ir — diz Liberty. — Sabe que é verdade.
Will derruba a limonada e encharca um pão.
As pernas do meu avô ficam molhadas.
Taft pega o pão molhado e acerta Will com ele.
Minha mãe limpa a sujeira enquanto Bess corre ao andar de cima para pegar uma calça seca
para meu avô.
Carrie repreende os meninos.
Quando a refeição termina, Taft e Will correm para a sala para não ter de ajudar a limpar.
Pulam como lunáticos sobre o novo sofá de couro do meu avô. Vou junto.
Will é nanico e rosado, como Johnny. Cabelo loiro quase branco. Taft é mais alto e muito
magro, dourado e sardento, com cílios longos e escuros e aparelho nos dentes.
— E, então, vocês dois — digo. — Como foi o verão passado?
— Sabe como conseguir um dragão de cinzas no DragonVale? — pergunta Will.
— Eu sei como conseguir um dragão de fogo — diz Taft.
— Você pode usar o dragão de fogo para conseguir o dragão de cinzas — diz Will.
Argh. Meninos de dez anos.
— Vamos. Verão passado — eu digo. — Contem. Vocês jogaram tênis?
— Claro — diz Will.
— Vocês nadaram?
— Sim — diz Taft.
— Foram andar de barco com Gat e Johnny?
Os dois param de pular.
— Não.
— Gat falou alguma coisa sobre mim?
— Não posso falar sobre você ter ido parar na água e tudo mais — diz Will. — Prometi a
tia Penny que não falaria.
— Por que não? — pergunto.
— Vai piorar suas dores de cabeça e temos que esquecer esse assunto.
Taft confirma.
— Ela disse que, se fizéssemos suas dores de cabeça piorarem, ia nos pendurar pelas unhas
do pé e tirar nossos iPads. Devemos ser divertidos e não idiotas.
— Não estamos falando do acidente — eu digo. — Estamos falando do verão em que fui
para a Europa.
— Cady? — Taft toca em meu ombro. — Bonnie viu comprimidos no seu quarto.
Will se afasta e senta no braço na outra ponta do sofá.
— Bonnie mexeu nas minhas coisas?
— E Liberty.
— Céus.
— Você me disse que não era viciada em drogas, mas guarda comprimidos na cômoda. —
Taft estava sendo petulante.
— Falem para elas ficarem longe do meu quarto — eu digo.
— Se você é viciada em drogas — diz Taft —, tem algo que precisa saber.
— O quê?
— Drogas não são amigas. — Taft parece sério. — Drogas não são amigas, e as pessoas
deviam ser suas amigas.
— Ai, meu Deus. Você não pode simplesmente me dizer o que fez no verão passado, seu
pestinha?
Will diz:
— Taft e eu queremos jogar Angry Birds. Não queremos mais falar com você.
— Tanto faz — digo. — Façam o que quiserem.
Saio na varanda e vejo os meninos correndo pela passagem que leva a Red Gate.
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