JOGAMOS TÊNIS. Johnny e eu ganhamos, mas não porque ainda sou boa. Ele é um atleta
excelente, e Mirren está mais inclinada a acertar a bola e fazer dancinhas felizes, sem se
preocupar se alguém vai rebater. Gat fica rindo dela, o que o faz errar.
— Como foi a viagem para a Europa? — Gat pergunta no caminho de volta para
Cuddledown.
— Meu pai comeu tinta de lula.
— O que mais? — Chegamos ao jardim e jogamos as raquetes na varanda. Esticamo-nos
sobre a grama.
— Sinceramente, não tenho muita coisa para contar — digo. — Sabe o que eu fiz enquanto
meu pai visitava o Coliseu?
— O quê?
— Deitei com o rosto encostado nos ladrilhos do banheiro do hotel. Fiquei olhando
fixamente para a base azul do vaso sanitário italiano.
— O vaso era azul? — Johnny pergunta, sentando.
— Só você para ficar mais empolgada com um vaso sanitário azul do que com os
monumentos de Roma — resmunga Gat.
— Cadence — diz Mirren.
— O quê?
— Deixa pra lá.
— O quê?
— Você disse para não sentir pena de você, mas aí conta uma história sobre o vaso
sanitário — ela diz sem pensar. — É de dar pena. O que devemos dizer?
— Além disso, ir para Roma nos deixa com inveja — diz Gat. — Nunca fomos para Roma.
— Eu quero ir para Roma! — diz Johnny, voltando a se deitar. — Quero muito ver os vasos
azuis!
— Quero ver as Termas de Caracalla — diz Gat. — E experimentar todos os sabores de
sorvete que eles fazem.
— Então vá — digo.
— Não é tão simples assim.
— Certo, mas você vai — eu afirmo. — Na faculdade ou depois da faculdade.
Gat suspira.
— Só estou dizendo… você foi para Roma!
— Queria que você tivesse ido junto — digo a ele.
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