terça-feira, 28 de abril de 2015

55



NAQUELA NOITE eu acordo com frio. Chutei os cobertores e a janela está aberta. Eu sento muito
rápido e minha cabeça gira.
Uma lembrança.
Tia Carrie, chorando. Curvada, muco escorrendo pelo rosto, sem se preocupar em limpar.
Ela está debruçada para a frente, está tremendo, parece que vai vomitar. Está escuro e ela usa
uma blusa de algodão branca com uma jaqueta de náilon por cima — de Johnny, xadrez azul.
Por que ela está usando a jaqueta de Johnny?
Por que está tão triste?
Eu levanto e visto um moletom e sapatos. Pego uma lanterna e vou até Cuddledown. A sala
está vazia e iluminada pelo luar. Garrafas espalham-se pela bancada da cozinha. Alguém
deixou uma maçã cortada ali e ela está ficando marrom. Dá para sentir o cheiro.
Mirren está aqui. Não a tinha visto antes. Ela está debaixo da manta listrada, recostada no
sofá.
— Você está acordada — Mirren sussurra.
— Vim procurar vocês.
— Por quê?
— Tive uma lembrança. Tia Carrie estava chorando. Estava usando a jaqueta do Johnny.
Você se lembra de ter visto tia Carrie chorando?
— Algumas vezes.
— No verão dos quinze, quando ela tinha aquele cabelo curto?
— Não — responde Mirren.
— Por que não está dormindo? — pergunto.
Mirren sacode a cabeça.
— Não sei.
Eu me sento.
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro.
— Preciso que me diga o que aconteceu antes do acidente. E depois. Você sempre diz que
não foi nada de mais, mas alguma coisa deve ter acontecido comigo além de bater a cabeça
enquanto nadava à noite.
— Ahã.
— Sabe o que foi?
— Penny disse que os médicos não querem que ninguém fale sobre isso. Você vai lembrar
no seu próprio ritmo e ninguém deve te pressionar.
— Mas eu estou pedindo, Mirren. Preciso saber.
Ela encosta a cabeça nos joelhos, pensando.
— O que você acha? — Mirren finalmente diz.
— Eu… imagino que tenha sido vítima de alguma coisa. — É difícil dizer essas palavras.
— Acho que fui estuprada, agredida, ou alguma outra coisa terrível. É esse tipo de coisa que
faz as pessoas terem amnésia, não é?
Mirren esfrega os lábios.
— Não sei o que dizer — ela afirma.
— Diga o que aconteceu — eu peço.
— Foi um verão confuso.
— Como?
— É tudo o que posso dizer, minha querida Cady.
— Por que você nunca sai de Cuddledown? — pergunto de repente. — Você quase não sai,
exceto para ir à praia pequena.
— Fui andar de caiaque hoje — ela diz.
— Mas você ficou mal. Você tem medo? — pergunto. — Tem agorafobia?
— Eu não me sinto bem, Cady — diz Mirren, na defensiva. — Sinto frio o tempo todo, não
consigo parar de tremer. Minha garganta está doendo. Se você se sentisse assim, também não
ia querer sair.
Eu me sinto pior do que isso o tempo todo, mas pelo menos dessa vez não menciono minhas
dores de cabeça.
— Devíamos contar para a Bess, então. Precisa ir ao médico.
Mirren faz que não com a cabeça.
— É só um resfriado bobo que não sara nunca. Estou reclamando como bebê. Pode pegar
um refrigerante para mim?
Não vou mais discutir. Pego um refrigerante para ela e ligamos a televisão.
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Bem Vindos ao Livro teen


Então resolvi criar esse blog porque, muita gente não tem dinheiro(tipo eu) ,vou postar livro de qualquer estilo,porque eu qualquer estilos amo ler,quer um livro que eu poste basta pedir na embaixo no meu ask,ok meu nome João Paulo ,comente para eu interagir com vocês.

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