PELA MANHÃ, há um balanço pendurado na árvore do gramado de Windemere. Igual ao que
ficava na enorme acerácea na frente de Clairmont.
É perfeito.
Como aquele em que Tipper me balançava.
Meu pai.
Meu avô.
Minha mãe.
Como aquele em que Gat e eu nos beijamos no meio da noite.
Agora lembro que, no verão dos quinze, Johnny, Mirren, Gat e eu nos esprememos naquele
balanço de Clairmont, os quatro. Éramos grandes demais para caber. Demos cotoveladas uns
nos outros e mudamos de posição. Rimos e reclamamos. Acusamos uns aos outros de ter
bunda grande. Acusamos uns aos outros de não cheirar bem. E mudamos de posição de novo.
Finalmente, nós nos acomodamos. Mas não dava para girar. Estávamos tão apertados que
não havia como mover o balanço. Gritamos várias vezes para alguém nos empurrar. As
gêmeas passaram e se recusaram a ajudar. Finalmente, Taft e Will saíram de Clairmont e
fizeram o que pedimos. Resmungando, eles nos empurraram em um círculo largo. Nosso peso
era tanto que depois que nos soltaram, começamos a girar cada vez mais rápido, rindo tanto
até ficarmos tontos e enjoados.
Nós, os quatro Mentirosos. Agora me lembro.
*
ESSE NOVO BALANÇO parece forte. Os nós estão amarrados com cuidado.
Dentro do pneu tem um envelope.
É a letra de Gat: Para Cady.
Abro o envelope.
Mais de uma dúzia de rosas japonesas secas caem.
0 comentários:
Postar um comentário