ERA UMA VEZ um rei que tinha três lindas filhas. Ele lhes dava tudo o que o coração delas
desejava e, quando chegou a hora, o casamento delas foi comemorado com muita
festividade. Quando a filha mais nova deu à luz uma menina, o rei e a rainha ficaram
radiantes. Logo depois, a filha do meio também deu à luz uma menina e as comemorações
se repetiram.
Por último, a filha mais velha deu à luz meninos gêmeos, mas infelizmente as coisas não
correram como se esperava. Um dos gêmeos era humano, um bebê forte; o outro não
passava de um ratinho.
Não houve comemoração. Nenhum anúncio foi feito.
A filha mais velha foi consumida pela vergonha. Um de seus filhos não passava de um
animal. Ele nunca brilharia, bronzeado e afortunado, como os membros da família real.
As crianças cresceram, e o ratinho também. Ele era esperto e sempre mantinha os
bigodes limpos. Era mais inteligente e mais curioso do que seu irmão ou suas primas.
Ainda assim, causava repulsa ao rei e à rainha. Assim que pôde, sua mãe o preparou, deu
a ele uma pequena bolsa com mirtilo e algumas nozes, e o mandou embora para ver o
mundo.
O ratinho foi, pois já conhecera o suficiente da vida na corte para saber que, se ficasse
em casa, seria para sempre um segredo sujo, uma fonte de humilhação para sua mãe e
qualquer um que o conhecesse.
Nem olhou para trás, para o castelo que havia sido seu lar.
Lá, ele nem ao menos tinha um nome.
Agora, estava livre para seguir em frente e fazer um nome para si mesmo no vasto, vasto
mundo.
E talvez,
apenas talvez,
voltasse um dia,
para queimar aquela
porra
de palácio
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