MINHA MÃE bate na porta do meu quarto e chama meu nome.
Não respondo.
Uma hora depois, ela bate de novo.
— Me deixa entrar?
— Vá embora.
— Está com enxaqueca? Só responda isso.
— Não é enxaqueca — digo. — É outra coisa.
— Eu te amo, Cady — ela diz.
Ela diz isso o tempo todo desde que fiquei doente, mas só agora percebo o que ela
realmente quer dizer:
Eu te amo apesar do meu luto. Apesar de você ser louca.
Eu te amo apesar do que suspeito que você fez.
— Você sabe que todos nós te amamos, não é? — ela fala do outro lado da porta. — Tia
Bess, tia Carrie, vovô e todo mundo? Bess está fazendo a torta de mirtilo que você gosta. Sai
do forno em meia hora. Você pode comer no café da manhã. Eu pedi para ela fazer.
Eu me levanto. Vou até a porta e abro uma fresta.
— Diga a Bess que eu agradeço. Só não posso sair agora.
— Você estava chorando — minha mãe diz.
— Um pouco.
— Entendo.
— Desculpe. Sei que quer que eu tome café na casa.
— Não precisa pedir desculpas — minha mãe me diz. — De verdade, você nunca precisa
dizer isso, Cady.
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