se mexendo, mas Thomas permanecia congelado pela indecisão, com receio de se envolver. E
se houvesse alguma coisa muito séria com aquele garoto? E se tivesse sido... picado? E se...
Thomas caiu em si de repente... Obviamente, o Corredor precisava de ajuda.
- Alby! - gritou. - Newt! Alguém chame um deles!
Thomas correu até o garoto mais velho e ajoelhou-se ao lado dele.
- Ei... você está bem?
A cabeça do Corredor descansava entre os braços abertos como ele caíra, o peito arfando.
Ele estava consciente, mas Thomas nunca vira alguém tão exausto.
- Estou... estou bem - disse ele ofegante, então ergueu os olhos. - Que plong é você?
- Sou novo aqui. - Ocorreu a Thomas então que os Corredores passavam o dia no
Labirinto e não tinham testemunhado nenhum dos acontecimentos recentes. Será que aquele
rapaz sabia ao menos sobre a garota? Provavelmente... com certeza alguém lhe contara. - Sou
Thomas. Estou aqui há apenas dois dias.
O Corredor sentou-se depressa, o cabelo preto grudado na cabeça pelo suor.
- Ah, sei, Thomas - ele ofegou. - Calouro. Você e a mina.
Alby apareceu correndo, aborrecido.
- O que está fazendo de volta, Minho? O que aconteceu?
- Calminha aí, Alby - replicou o Corredor, parecendo ganhar forças por um segundo. -
Faça alguma coisa útil e me arranje um pouco de água... Deixei a minha mochila cair em
algum lugar.
Mas Alby não se moveu. Chutou a perna de Minho... com força demais para ser de
brincadeira.
- O que aconteceu?
- Mal consigo falar, cara de mértila! - gritou Minho, a voz áspera. - Me arranje um pouco
de água!
Alby olhou para Thomas, que ficou chocado em ver a insinuação de um sorriso passar
pelo rosto dele antes de desaparecer em uma carranca.
- Minho é o único trolho que pode falar comigo dessa maneira sem ter o seu traseiro
atirado pelo Penhasco.
Então, surpreendendo Thomas ainda mais, Alby se voltou e saiu correndo, supostamente
para buscar água para Minho.
Thomas voltou-se para Minho.
- Alby deixa você mandar nele assim?
Minho deu de ombros, depois limpou as gotas de suor da testa.
- Você tem medo daquele linguarudo? Cara, você tem muito que aprender. Malditos
Calouros.
O comentário magoou Thomas muito mais do que deveria, considerando que conhecia
aquele sujeito havia menos de três minutos.
- Ele não é o líder?
- Líder? - Minho deu um grunhido alto que provavelmente deveria ser uma risada. - É, sim,
pode chamá-lo de líder se quiser. Talvez devêssemos chamá-lo El Presidente. Não, não...
Almirante Alby. É isso aí. - Ele esfregou os olhos, dando uma risadinha estridente enquanto
fazia isso.
Thomas não sabia que rumo dar à conversa - era difícil dizer quando Minho estava
brincando.
- Então quem é o líder se não for ele?
- Fedelho, apenas cale a boca antes de se confundir ainda mais. - Minho suspirou como se
estivesse entediado, depois resmungou, quase para si mesmo: - Por que vocês trolhos sempre
vêm aqui fazendo perguntas estúpidas? Que saco.
- O que esperava que fizéssemos? - Thomas sentiu um ímpeto de raiva. "Aposto que não
era diferente logo que chegou aqui", teve vontade de dizer.
- Façam o que mandarem, mantenham a boca fechada. É isso o que eu espero.
Minho o olhara direto no rosto pela primeira vez ao proferir aquela última frase, e
Thomas, inconscientemente, afastou-se alguns centímetros. Mas em seguida se deu conta de
que havia cometido um erro: não devia deixar aquele cara pensar que podia falar com ele
daquele jeito.
Recuou, erguendo-se sobre os joelhos, para poder olhar de cima o rapaz mais velho.
- É, sei direitinho o que você fez quando era um Calouro.
Minho observou Thomas com atenção. Depois, novamente olhando direto nos seus olhos,
disse:
- Fui um dos primeiros Clareanos, cabeção. Feche a matraca enquanto não souber com
quem está falando.
Thomas, agora ligeiramente atemorizado pelo garoto, mas mais consciente do motivo da
sua atitude, fez menção de se levantar. Minho de imediato agarrou o seu braço.
- Cara, sente aqui. Só estou tirando onda com você. É divertido demais... você vai ver
quando o próximo Calouro chegar... - Ele se interrompeu, curvando as sobrancelhas com
perplexidade. - Parece que não haverá mais nenhum Calouro, hein?
Thomas relaxou, voltou a sentar-se, surpreso pela facilidade com que ele tinha sido posto
à vontade novamente. Pensou na garota e no bilhete dizendo que ela era a última para sempre.
- Acho que não.
Minho semicerrou um pouco os olhos, como se examinasse Thomas.
- Você viu a mina, certo? Todo mundo está dizendo que você provavelmente conhecia ela
ou algo parecido.
Thomas sentiu que se colocava na defensiva.
- Eu a vi. Não me parece familiar, de maneira nenhuma. - Imediatamente sentiu-se culpado
por mentir... mesmo que fosse uma mentirinha.
- Ela é gostosa?
Thomas parou. Não tinha pensado nela daquele jeito desde que ela enlouquecera,
entregara o bilhete e pronunciara a sua única fala: "Tudo vai mudar." Mas lembrava-se de
como era bonita.
- É... acho que é gostosa.
Minho jogou-se para trás até ficar estirado no chão, os olhos fechados.
- É... você acha. Se tivesse atração por garotas em coma, certo? - Deu uma risadinha
estridente de novo.
- Certo. - Thomas estava tendo dificuldade de decidir se gostava de Minho ou não... a
personalidade dele parecia mudar a cada minuto. Depois de uma longa pausa, resolveu
arriscar. - Então... - disse com cautela - você não encontrou nada hoje?
Minho arregalou os olhos e encarou Thomas.
- O que você sabe, Fedelho? Essa é a coisa mais idiota e mertilenta que se poderia
perguntar a um Corredor. - Ele fechou os olhos de novo. - Mas não hoje.
- Como assim? - Thomas ousou esperar por alguma informação. "Uma resposta", pensou.
"Por favor, só me dê uma resposta!"
- Espere só até o belo almirante voltar. Não gosto de falar as coisas duas vezes. Mesmo
assim, ele pode não querer que você ouça.
Thomas suspirou. Não estava enfim muito surpreso com a falta de respostas.
- Bem, pelo menos me conte por que parecia tão cansado. Não corre lá fora todos os dias?
Minho gemeu enquanto se levantava e cruzava as pernas.
- É, Fedelho, corro lá fora todos os dias. Digamos que fiquei um pouco empolgado e corri
um pouco mais depressa para trazer o meu traseiro de volta para cá.
- Por quê? - Thomas queria desesperadamente ouvir alguma coisa sobre o que acontecera
no Labirinto.
Minho jogou as mãos para o alto.
- Cara. Eu já disse. Paciência. Espere pelo General Alby.
Algo na voz dele atenuou o golpe, e Thomas tomou uma decisão. Gostava de Minho.
- Certo, vou calar a boca. Apenas faça com que Alby me deixe ouvir também o que
aconteceu.
Minho o observou por um segundo.
- Tudo bem, Fedelho. Você manda.
Alby chegou um instante depois com um grande copo de plástico cheio de água e entregou
a Minho, que bebeu tudo de um gole só, sem parar nem uma vez para tomar fôlego.
- Muito bem - disse Alby. - Desembuche. O que aconteceu?
Minho arqueou as sobrancelhas e fez um sinal com a cabeça na direção de Thomas.
- Não tem problema - replicou Alby. - Não me interessa o que esse trolho ouvir. Agora
fale!
Thomas ficou sentado em silêncio, esperando ansiosamente enquanto Minho se esforçava
para se levantar, fazendo uma careta a cada gesto, com um aspecto que denotava exaustão. O
Corredor equilibrou-se contra o muro, dirigindo aos outros dois um olhar frio.
- Encontrei um deles morto.
- Há? - surpreendeu-se Alby. - Um deles o quê?
Minho sorriu.
- Um Verdugo morto.
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