Sou uma mentirosa e uma ladra. Não me deixem entrar em vossa casa e, se o
fizerem, não me deixem sozinha. Eu roubo coisas. Poderão apanhar-me com a vossa fiada
de pérolas a tilintar entre as minhas pequenas garras gananciosas e dir-vos-ei que me
lembraram as pérolas da minha mãe e que senti o impulso de lhe tocar, nem que fosse
um segundo, e que lamento muito, não sei o que me passou pela cabeça.
A minha mãe nunca usou uma joia que não lhe deixasse a pele verde, mas vocês não
saberão disso. E eu surripiar-vos-ei as pérolas na mesma, quando estiverem distraídos.
Roubo cuecas, anéis, CD, livros, sapatos, iPods, relógios. Vou a uma festa em casa de
alguém — não tenho amigos, mas tenho pessoas que me convidam para ir aqui e ali — e
venho-me embora com umas quantas camisas vestidas por dentro da camisola, um par de
batons giros no bolso e todo o dinheiro vivo que encontrar dentro de uma carteira ou duas.
Às vezes, até a carteira trago, se o grupo estiver bem bebido. Enfio-a ao ombro e venhome
embora. Comprimidos com receita médica, perfumes, botões, canetas. Comida. Tenho
uma garrafa que o avô de não sei quem trouxe da Segunda Guerra Mundial e possuo um
alfinete da Phi Beta Kappa ganho pelo tio predileto de um tipo qualquer. Tenho uma caneca
de lata retráctil antiga que não me lembro de ter roubado, porque já está nas minhas
mãos há tanto tempo. Finjo que é um objeto antigo da família.
As coisas que de facto pertenciam à minha família, as caixas que estão debaixo das
escadas, não consigo olhar para elas. Prefiro as coisas dos outros. Vêm com as histórias
dos outros e não a minha.
Um objeto em minha casa que não roubei é um policial baseado em factos reais
intitulado A Colheita do Diabo: O Sacrifício Satânico de Kinnakee Kansas. Saiu em 1986 e
foi escrito por uma antiga jornalista chamada Barb Eichel e é tudo o que sei. Pelo menos
três seminamorados ofereceram-me um exemplar deste livro, solenemente, sabiamente, e
todos eles levaram um pontapé no rabo logo a seguir. Se eu digo que não quero ler o livro,
não quero ler o livro. É como a minha regra sobre dormir com as luzes acesas. Digo a
todos os homens que durmo sempre com as luzes acesas e eles dizem qualquer coisa do
estilo: «Eu tomo conta de ti, querida» e depois tentam desligar as luzes. Como se as
coisas fossem assim. Não sei porquê, mas parecem surpreendidos por eu dormir mesmo com as luzes acesas.
Tirei A Colheita do Diabo de uma pilha inclinada de livros que estava a um canto;
guardo-o pelo mesmo motivo que guardo as caixas com as papeladas e porcarias da minha
família, porque talvez um dia o queira, e mesmo que não queira, não quero que mais ninguém fique com ele.
Na primeira página lê-se:
Kinnakee Kansas, no coração da América, é uma pacata comunidade agrícola onde
todas as pessoas se conhecem, vão à igreja juntas e envelhecem juntas. Mas não é
imune aos males do mundo exterior e, na madrugada de 3 de janeiro de 1985, esses
males destruíram três membros da família Day, numa catadupa de sangue e horror.
Esta é uma história não só sobre um crime, mas também sobre a adoração do Diabo,
rituais sangrentos e a propagação do Satanismo a todos os cantos da América,
inclusive aos lugares mais acolhedores e aparentemente mais seguros.
Os meus ouvidos desataram a zumbir, reproduzindo os sons daquela noite: um gemido
masculino e forte, e um pranto arquejante, de garganta seca. Os gritos de fada da morte
da minha mãe. Lugar Escuro. Olhei para a fotografia de Barb Eichel na contracapa. Tinha o
cabelo curto e espetado, brincos compridos e um sorriso soturno. A biografia dizia que
vivia em Topeka, Kansas, mas isso foi há cerca de vinte anos.
Precisava de telefonar a Lyle Wirth para lhe apresentar a minha proposta de
informações em troca de dinheiro, mas não estava preparada para o ouvir pregar-me
novamente um sermão sobre o assassínio da minha própria família. (Está mesmo
convencida de que o Ben é culpado!) Precisava de conseguir argumentar com ele em vez
de ficar ali sentada como uma ignorante, sem nada de interessante para dizer. O que era
basicamente o que eu estava a fazer.
Folheei o livro mais um pouco, deitada de barriga para cima, encostada a uma
almofada dobrada ao meio, com Buck a vigiar-me com olhos atentos de gato à coca de
algum movimento meu em direção à cozinha. Barb Eichel descrevia Ben como «um
solitário vestido de preto, pouco popular e irado» e «obcecado com a forma mais brutal de
heavy metal — chamada black metal —, canções que os rumores diziam ser
chamamentos em código destinados ao próprio Diabo». Saltei as páginas, claro está, até
encontrar uma referência a mim: «angelical, mas forte», «determinada e melancólica»
com um «ar de independência que normalmente não se vê sequer em crianças com o
dobro da idade dela». A nossa família tinha sido «feliz e buliçosa, desejosa de um futuro
de ar puro e vida sã». Pois, está-se mesmo a ver. Ainda assim, este era supostamente o
livro supremo sobre os crimes e, depois de todas aquelas vozes do Kill Club a chamaremme
tola, eu estava louca para falar com um desconhecido que também acreditasse na
culpa de Ben. Munições contra Lyle. Imaginei-me a enumerar os factos pelos dedos: isto,
isto e isto prova que vocês, seus estúpidos, estão enganados, e Lyle a descerrar os lábios,
compreendendo que afinal eu tinha razão.
Mas eu continuava disposta a ficar com o dinheiro dele, se ele quisesse.
Sem saber por onde começar, liguei para a lista telefónica de Topeka e saiu-me a sorte
grande: arranjei o número de telefone de Barb Eichel. Ainda vivia em Topeka, ainda vinha
na lista telefónica. Foi canja.
Ela atendeu ao segundo toque, com uma voz alegre e estridente, até eu lhe dizer quem
era.
— Oh, Libby. Andava há anos a pensar se algum dia me contactaria — disse ela, depois
de fazer um som gutural do estilo eehhhh. — Ou se deveria contactá-la eu. Não sabia o
que fazer... — Imaginei-a a olhar em redor da sala, a mexericar nas unhas, assustadiça,
uma daquelas mulheres que analisava a ementa durante vinte minutos e ainda assim
entrava em pânico quando o empregado vinha à mesa.
— Estava com esperança de falar consigo sobre... o Ben — comecei, sem saber muito
bem que palavras usar.
— Eu sei, eu sei, já escrevi várias cartas ao Ben ao longo dos anos a pedir desculpa,
Libby. Não sei quantas vezes terei de dizer que me arrependo de ter escrito aquele maldito
livro.
Desta é que eu não estava à espera.
Barb Eichel convidou-me para almoçar em casa dela. Queria explicar-me as coisas
pessoalmente. Já não conduzia (aqui, captei um vislumbre da verdadeira história:
medicamentos, ela tinha aquela pátina brilhante de alguém que toma demasiados
medicamentos), por isso iria eu ter com ela e ela agradecia muito o gesto. Felizmente,
Topeka não fica longe de Kansas City. Não é que eu tivesse vontade de lá ir, já vira o
suficiente de Topeka quando era miúda. A cidade costumava ter uma clínica psiquiátrica
dos diabos; a sério, até havia um painel na autoestrada a dizer qualquer coisa do estilo:
«Bem-vindos a Topeka, a capital psiquiátrica do mundo!» A povoação inteira estava à
cunha de loucos e terapeutas, e levavam-me lá regularmente para eu ter consultas
externas, convencendo-me de que era um privilégio raro. Que bom para mim. Falávamos
sobre os meus pesadelos, os meus ataques de pânico, as minhas crises de raiva. Quando
entrei na adolescência, falávamos sobre a minha propensão para a violência física. No que
me toca, a cidade toda, a capital do Kansas, cheira a baba de manicómio.
Li o livro de Barb antes de ir ter com ela, ia munida de factos e perguntas, mas a
minha confiança esmoreceu durante as três horas que demorei a fazer a viagem, que só
devia ter levado sessenta minutos. Demasiadas viragens na direção errada, comigo a
praguejar por não ter Internet em casa e não poder simplesmente descarregar as
indicações sobre o trajeto. Nem Internet, nem televisão por cabo. Não tenho jeito para
essas coisas: cortes de cabelo, mudanças de óleo, idas ao dentista. Quando me mudei
para a minha casa, passei os primeiros três meses enrolada em cobertores, porque não
conseguia arranjar coragem para tratar da ligação do gás. Já mo desligaram três vezes
nos últimos anos, porque às vezes não tenho ânimo para passar um cheque. Tenho
dificuldade em manter seja o que for.
A casa de Barb, quando finalmente lá cheguei, era desinteressantemente caseira, um
bloco de estuque que ela pintara de verde-claro. Balsâmica. Com montes de espantaespíritos.
Ela abriu a porta e recuou, como se eu lhe tivesse pregado um susto. Ainda tinha
o cabelo curto e espetado como na fotografia do livro, mas agora estava grisalho, e usava
uns óculos com uma corrente de missangas, daquelas que as mulheres mais velhas
definem como «excêntricas». Já tinha passado a barreira dos cinquenta e os seus olhos
eram escuros e fugidios, protuberantes no rosto magro.
— Ohhh, olá, Libby! — exclamou e, de repente, abraçou-me e senti um osso qualquer
dela a espetar-me com força no peito esquerdo. Ela cheirava a patchuli e lã. — Entre,
entre. — Um cãozinho peludo apareceu a trotar pela tijoleira fora, a ladrar alegremente.
Um relógio deu as horas.
— Oh, espero que não desgoste de cães, ele é meiguinho — disse ela, observando-o
enquanto ele saltava para cima de mim. Odeio cães, mesmo cães pequenos e meigos.
Levantei os braços, mostrando que não tencionava fazer-lhe festinhas. — Anda, Weenie,
deixa a nossa amiga passar — disse ela, como se falasse com um bebé. Detestei o cão
ainda mais, depois de saber que se chamava Weenie.
Ela mandou-me sentar numa sala que parecia atulhada: cadeiras, sofá, tapete,
almofadas, cortinas, tudo era espesso e arredondado e coberto com camadas e camadas
de tecido. Ela andou dentro e fora da sala durante uns minutos, a falar por cima do ombro
em vez de ficar quieta, perguntando-me duas vezes o que queria beber. Não sei como,
mas sabia que ela ia tentar dar-me canecas de barro de chá de raiz de frutos silvestres
ou um batido de Elixir de Jasmim, com cheiro a terra e reluzente, por isso limitei-me a
pedir água. Procurei garrafas de bebidas alcoólicas, mas não vi nenhuma. Mas não tinha
dúvidas de que naquela casa se tomavam medicamentos em barda. Tudo fazia ricochete
naquela mulher — ping, pang! — como se ela fosse envernizada.
Trouxe dois tabuleiros com sanduíches para comermos na sala. A minha água era só
cubos de gelo. Em dois goles, bebi-a toda.
— Então, como vai o Ben, Libby? — perguntou, quando finalmente se sentou. Deixou,
porém, o tabuleiro de lado. Para fugir rapidamente, se fosse caso disso.
— Oh, não sei. Não tenho contacto nenhum com ele.
Ela pareceu não ouvir; estava sintonizada na sua própria estação de rádio interna. Uma
estação qualquer de jazz ligeiro.
— Como é óbvio, Libby, sinto uma culpa enorme nisto tudo, embora o livro tenha saído
depois do veredito e não tenha tido qualquer peso nele — disse ela abruptamente. — Ainda
assim, fiz parte das pessoas que se precipitaram a julgar. Foi da época em que vivíamos.
A Libby era muito novinha, sei que não se lembra disto, mas estávamos nos anos 80.
Chamava-se-lhe o Pânico Satânico.
— Chamava-se o Pânico Satânico a quê? — Perguntei-me quantas vezes é que ela iria
usar o meu nome ao longo da conversa. Parecia-me esse tipo de pessoa.
— Toda a comunidade psiquiátrica, a polícia, as autoridades, o pessoal todo... naquela
época, achavam que toda a gente era um adorador do diabo. Estava... estava na moda. —
Inclinou-se para mim, com os brincos a balouçar, apertando as mãos uma na outra. — As
pessoas estavam mesmo convencidas de que havia uma extensa rede de satanistas, que
era uma coisa corriqueira. Se um adolescente começava a comportar-se de maneira
estranha, dizia-se logo que era um adorador de Satanás. Um miúdo da pré-primária vinha
para casa da escola com uma nódoa negra esquisita ou com um comentário estranho
sobre as suas partes privadas e dizia-se logo que as professoras eram adoradoras de
Satanás. Lembra-se do julgamento da escola pré-primária McMartin? Os coitados daqueles
professores sofreram durante anos até que fossem retiradas as queixas. Pânico satânico.
Era uma boa história e eu caí que nem um patinho, Libby. Não questionámos o suficiente.
O cão farejou-me e eu fiquei hirta, esperando que Barb o chamasse. Mas ela não
reparou, com os olhos postos num girassol pendurado que estava a lançar uma luz dourada
no vitral da janela por cima de mim.
— E a verdade é que a história funcionou — continuou Barb. — Admito-o hoje, e
demorei uma boa década a fazê-lo, Libby, que ignorei uma série de provas que não
encaixavam na teoria do Ben-Satanás, ignorei sinais óbvios.
— Tais como?
— Hum, tais como o facto de que você foi claramente industriada, que você não era,
de forma alguma, uma testemunha credível, que o psiquiatra que foi nomeado para a
«fazer exprimir-se», e estou a citar, se limitou a pôr palavras na sua cabeça.
— O doutor Brooner? — Lembrava-me do doutor Brooner: um tipo hippie barbudo com
um grande nariz e uns olhos pequeninos. Parecia um animal amistoso de um livro de
contos. Nesse ano inteiro, e tirando a minha tia Diane, ele foi a única pessoa de quem eu
gostei e a única pessoa a quem falei daquela noite, uma vez que Diane não queria. O
doutor Brooner.
— Um charlatão — disse Barb, e soltou uma gargalhada. Preparei-me para protestar,
sentindo-me na defensiva (a mulher tinha-me basicamente chamado mentirosa na minha
cara, o que era verdade, mas ainda assim irritou-me), mas ela recomeçou. — E o álibi do
seu pai? A tal namorada dele? Isso nunca devia ter aguentado em tribunal. Aquele homem
não tinha um verdadeiro álibi e devia muito dinheiro a muita gente.
— A minha mãe não tinha dinheiro.
— Tinha mais do que o seu pai, acredite que tinha. — Acreditei. Uma vez, o meu pai
mandou-me a casa de um vizinho para que me dessem o almoço, por compaixão, e
mandou-me espreitar para debaixo das almofadas do sofá e dar-lhe os trocos que
encontrasse.
— E foi encontrada uma pegada de um sapato de cerimónia de homem no sangue, que
nunca ninguém identificou de quem era. O local do crime estava contaminado, esse foi
mais um pormenor que ignorei no livro. Houve gente a entrar e a sair da casa o dia inteiro.
A sua tia entrou e levou montes de tralha que estava nos armários, roupas e coisas para
si. Isso foi contra as regras da polícia, mas ninguém se importou. As pessoas estavam
em pânico. E ali tinham um adolescente esquisito de quem ninguém na terra inteira
gostava por aí além, sem dinheiro, que não sabia defender-se e que por acaso gostava de
heavy metal. É embaraçoso. — Ela conteve-se. — Um horror. Uma tragédia.
— Há alguma coisa que possa fazer com que o Ben seja libertado? — perguntei, com o
estômago às voltas como uma enguia. O facto de a pessoa que mais veementemente se
pronunciara contra Ben ter mudado de ideias estava a deixar-me nauseada. Bem como
aquele encontro com mais uma pessoa que tinha a certeza de que eu cometera perjúrio.
— Bom, a Libby está a tentar fazê-lo, não está? Parece-me quase impossível desfazer
estas coisas depois de tantos anos... o período em que ele podia interpor recurso já
terminou. Ele teria de pedir habeas corpus e... seria necessário apresentar uma prova nova
de peso para conseguir pôr o processo em marcha nesta altura do campeonato. Qualquer
coisa tipo uma prova de ADN muito convincente. Infelizmente, a sua família foi cremada,
por isso...
— Pois, está certo, obrigada — interrompi, a precisar de ir para casa naquele preciso
instante.
— Volto a dizer que escrevi o livro depois do veredito, mas, se eu puder fazer alguma
coisa para a ajudar, diga-me, Libby. Tenho algumas culpas no cartório e assumo a
responsabilidade.
— Fez algum depoimento, disse à polícia que acha que o Ben afinal não é culpado?
— Bom, não. Parece que a maior parte das pessoas já concluiu há muito tempo que o
Ben não é culpado — respondeu Barb, com a voz a ficar estridente. — Depreendo que a
Libby abjurou oficialmente o seu testemunho? Penso que isso seria uma ajuda enorme.
Ela estava à espera que eu dissesse mais qualquer coisa, que explicasse porque é que
tinha vindo falar com ela agora. Para lhe dizer que sim, claro, Ben era inocente e eu ia
resolver aquela história toda. Ficou sentada a olhar para mim, a comer o almoço, a
mastigar cada pedaço de sanduíche com cuidado excessivo. Depeniquei a minha sanduíche
— pepino e hummus — e pousei-a, deixando uma dedada no pão húmido. A sala estava
forrada de estantes, mas continham apenas livros de autoajuda. Abra-se à Felicidade!;
Força, Mulher; Pare de se Recriminar; Queixo Erguido: Assuma-se; Seja o seu Melhor
Amigo, Avance, Suba na Vida! Era uma sucessão interminável de títulos alegres,
implacáveis, animadores. Quanto mais eu os lia, mais infeliz me sentia. Remédios herbais,
pensamento positivo, autoperdoar-se, viver com os erros cometidos. Até um livro para
vencer a indolência ela tinha. Não confio em adeptos da autoajuda. Há anos, saí de um bar
com um amigo de um amigo, um tipo normal, simpático, giro, com o cabelo cortado à
escovinha, que vivia num apartamento ali perto. Depois de termos tido relações sexuais,
depois de ele ter adormecido, comecei a bisbilhotar o quarto dele e descobri que a
secretária estava coberta de bilhetes autocolantes:
Não te chateies por causa de pequenas coisas; são só pequenas coisas.
Se parássemos de tentar a todo o custo ser felizes, divertir-nos-íamos bastante.
Goza a vida: ninguém sai daqui vivo.
Não te preocupes, sê feliz.
Achei toda aquela esperança urgente mais assustadora do que se tivesse encontrado
uma pilha de crânios com cabelo ainda agarrado ao osso. Fugi a sete pés, tomada pelo
pânico, com a roupa interior enfiada na manga.
Não fiquei muito mais tempo em casa de Barb. Fui-me embora com a promessa de lhe telefonar em breve e com um pisa -papéis azul em forma de coração que roubei da mesinha de apoio dela.
0 comentários:
Postar um comentário